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Obituário

- Publicada em 17 de Maio de 2021 às 03:00

Prefeito de SP, Bruno Covas morre aos 41 anos

Reeleito para o cargo no ano passado, Bruno Covas comandou a cidade apenas no início da atual gestão

Reeleito para o cargo no ano passado, Bruno Covas comandou a cidade apenas no início da atual gestão


/Rovena Rosa/ Agência Brasil/ JC
A vida pública foi a escolha natural e até mesmo esperada para Bruno Covas Lopes (PSDB), que, ainda adolescente, passou a "beber da fonte" ao decidir morar com o avô em São Paulo. O ex-governador Mário Covas (PSDB) não só ensinou o neto a gostar de política como o colocou numa trajetória eleitoral vitoriosa encerrada de forma precoce ontem. Aos 41 anos, o prefeito de São Paulo morreu por complicações de um câncer, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O tucano deixa o filho Tomás, de 15 anos.
A vida pública foi a escolha natural e até mesmo esperada para Bruno Covas Lopes (PSDB), que, ainda adolescente, passou a "beber da fonte" ao decidir morar com o avô em São Paulo. O ex-governador Mário Covas (PSDB) não só ensinou o neto a gostar de política como o colocou numa trajetória eleitoral vitoriosa encerrada de forma precoce ontem. Aos 41 anos, o prefeito de São Paulo morreu por complicações de um câncer, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O tucano deixa o filho Tomás, de 15 anos.
Fazia um ano e meio que Covas lutava contra a doença que também matou o avô, em 2001. Na época, Bruno tinha 20 anos e já se preparava para assumir a herança política da família. Cinco anos antes, havia trocado sua casa em Santos, no litoral paulista, pelo Palácio dos Bandeirantes para concluir os estudos na capital.
Inteligente e determinado, foi aprovado em duas faculdades ao mesmo tempo: Direito, na USP, e Economia, na Puc. Formou-se nas duas em um período de oito anos, época em que passou a experimentar seu potencial político em grêmios estudantis e dentro de seu partido.
Bruno se filiou ao PSDB aos 17 anos. Nessa época, era um jovem cabeludo apaixonado por rock que já se destacava pela capacidade de mobilização. A "turma" que fez na base jovem do partido sempre o acompanhou. Os mais próximos - Fábio Lepique e Alexandre Modonesi - ocupam cargos-chave na prefeitura de São Paulo.
Antes de comandar a maior cidade da América Latina, Bruno foi eleito deputado estadual por duas vezes, deputado federal e vice-prefeito. Assumiu o posto de prefeito com a renúncia de João Doria (PSDB), em 2018, e depois se reelegeu como cabeça de chapa. Nisso, aliás, o neto superou o avô.
Mário Covas não chegou ao cargo por escolha popular. Ele foi o último prefeito biônico antes da democratização, em 1983. Bruno seguia uma história parecida - era o vice na chapa vencedora de 2016 -, até ganhar a eleição, ano passado, com 3,1 milhões de votos.
Desde criança, quando fez a carteira do Clube dos Tucaninhos, o objetivo de Covas sempre foi entrar na política, seguir os passos do avô e chegar ao Palácio do Planalto. "Quem começa como estagiário quer chegar a CEO. É o natural de qualquer carreira", disse ao Estadão, durante a eleição de 2020. Foi com esse foco que escolheu se formar advogado e economista.
Sua primeira atuação política mais direta se deu em junho de 2002, um ano após a morte do avô, quando agiu para barrar uma aliança da sigla com Orestes Quércia, do então PMDB, que também buscava se aproximar do PT nas eleições estaduais. Quércia teve de conversar com o jovem político.
Mas, se os ensinamentos do avô o seguiram por toda a vida, o mesmo não se pode dizer do temperamento. Mais contido, Bruno nunca foi um orador explosivo ou um político midiático. Pelo contrário. Tímido e disciplinado, o prefeito sempre calculou bem as palavras e seguiu o script determinado dentro ou fora de uma campanha eleitoral.
Sem colecionar inimigos e com respaldo popular, Bruno estava no auge de sua carreira política. A eleição havia lhe dado confiança para começar a impor seu modo de governar e traçar o futuro. Diferentemente de Doria, considerava-se "PSDB raiz".
Mas os planos como prefeito eleito só duraram dois meses. Em fevereiro, os médicos de Covas descobriram novos tumores e a quimioterapia recomeçou. Dois meses depois, outros exames indicaram metástase nos ossos. Debilitado, precisou tratar complicações como água no pulmão e sangramento na cárdia.
Toda a evolução da doença foi exposta aos eleitores de forma transparente. Covas não só liberou sua equipe a informar diariamente a imprensa de sua situação clínica como pediu aos médicos que atendessem jornalistas e tirassem suas dúvidas sobre os avanços do câncer. A prática se tornou mais comum a partir de abril, quando cinco tumores foram identificados no fígado, um nos ossos da coluna e outro nos ossos da bacia.
Aliados de Covas mantinham-se esperançosos com a possibilidade de cura. As metástases e o sangramento na cárdia, no entanto, abalaram a confiança até mesmo dos médicos, e a palavra sobrevida passou a compor o repertório de quem acompanhava o prefeito mais de perto. Já com dores e cada vez mais debilitado, o tucano pediu licença do cargo. 
Apegado ao único filho, Tomás Covas Lopes, Covas deixa, como o avô, novo herdeiro na política. Além de santista, como o pai, o adolescente também revela interesse para a vida pública.

Políticos lamentam morte de Covas

Políticos de todos os partidos, presidente e ex-presidentes da República lamentaram a morte do prefeito de São Paulo, Bruno Covas.
No Rio Grande do Sul, governador Eduardo Leite, que é do mesmo partido de Covas, manifestou-se pelo Twitter. "Levaremos sua alegria, seu trabalho, sua serenidade e sua dedicação por uma política feita com respeito e equilíbrio como exemplo", escreveu Leite, junto a uma imagem dele ao lado do colega de partido. "Obrigado, amigo Bruno Covas! Meu abraço e carinho a sua família!"
O presidente da República, Jair Bolsonaro, prestou solidariedade aos familiares e amigos do prefeito de São Paulo. A manifestação do presidente da República foi publicada no momento em que um cortejo com o corpo de Covas seguia por São Paulo até Santos, para o enterro.
"Nossa solidariedade aos familiares e amigos do Bruno Covas, que faleceu hoje após uma longa batalha contra o câncer. Que Deus conforte o coração de todos!", escreveu Bolsonaro. Mais cedo, os ministros da Secretaria-Geral de governo, Onyx Lorenzoni (DEM), e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, também prestaram condolências.
Políticos de diversos espectros, como o candidato derrotado por Covas à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), além de várias lideranças lamentaram a partida do tucano.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) disse que o PSDB perde "um bom quadro" e São Paulo, "um bom prefeito". "Lamento pela perda tão jovem de uma vida, pela família e por todos nós que o respeitávamos e o tínhamos como um grande quadro político", publicou FHC em seu perfil no Twitter.

Ricardo Nunes, do MDB, assume a maior prefeitura do País

Com a morte do prefeito Bruno Covas (PSDB), o vice, Ricardo Nunes (MDB), assume em definitivo a prefeitura de São Paulo. O combate à pandemia e a revisão do Plano Diretor do município estão entre os principais desafios de Nunes. Ele havia assumido a prefeitura interinamente em 2 de maio, quando Covas se licenciou para tratamento do câncer.
Em ato formal, com base na Lei Orgânica do Município, a Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo reuniu-se às 11h20min de ontem para declarar a extinção do mandato do prefeito Bruno Covas. Nunes assumiu e decretou luto oficial de sete dias pela morte do ex-prefeito.
O empresário tem 53 anos, é casado e foi eleito para a Câmara de Vereadores de São Paulo pela primeira vez em 2012 e novamente em 2016. É filiado ao MDB desde os 18 anos. Ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) patrimônio de mais de R$ 4,8 milhões.
Ricardo Nunes foi presidente da Associação Empresarial Região Sul (Aesul) e fundador da Associação das Empresas Controladoras de Pragas do Estado de São Paulo (Adesp). Além disso, é voluntário, há mais de 20 anos, na Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos (Sobei).