O ex-vereador de Porto Alegre Valter Nagelstein (PSD) foi indiciado por racismo qualificado em inquérito da Polícia Civil do Rio Grande do Sul. O caso foi encaminhado à Justiça nesta terça-feira (9).
A delegada responsável pelo caso, Andrea Mattos, sustenta que a materialidade do crime é o próprio áudio "assumidamente gravado pelo indiciado" e notoriamente discriminatório e preconceituoso. A investigação foi realizada pela delegacia de Combate a Intolerância da Capital,
criada ainda no final do ano passado após o assassinato de João Alberto Freitas, um homem negro de 40 anos, no supermercado Carrefour.
A investigação sobre o político gaúcho foi aberta a pedido do Ministério Público Estadual (MPE) a partir de denúncia feita por mais de 40 entidades do movimento negro e representativas do poder judiciário. A delegada salienta que o caso e a decisão da segurança pública não tem qualquer relação com partidos políticos.
Valter Nagelstein chegou a ser ouvido pela Polícia Civil e teria alegado não haver dolo nas suas declarações. O áudio, segundo ele, teria sido gravado a fim de fazer uma leitura do cenário politico, informa a delegada. Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio, a assessoria de imprensa de Nagelstein afirmou que ainda não conseguiu contato com o político, mas que deve se manifestar em breve sobre o assunto.
Além de lamentar a eleição de uma bancada negra na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em sua fala, Nagelstein afirma que os vereadores eleitos têm pouca qualificação e lamenta que a maior parte da composição do Legislativo esteja ocupada pela esquerda. “Fica cada vez mais evidente que a ocupação que a esquerda promoveu nos últimos 40 anos da universidade, das escolas, do jornalismo e da cultura produzem os seus resultados. São vereadores sem nenhuma tradição política, nenhuma experiência, nenhum trabalho e com pouquíssima qualificação formal”, afirma.