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Entrevista especial

- Publicada em 24 de Janeiro de 2021 às 19:28

Para a Amrigs, todos devem se vacinar contra a Covid-19

Junqueira Junior diz que a vacinação é muito importante para conter o avanço da pandemia

Junqueira Junior diz que a vacinação é muito importante para conter o avanço da pandemia


FOTOS: LUIZA PRADO/JC
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) sustenta que o maior número possível de gaúchos deve se imunizar através da vacinação contra o novo coronavírus. O Rio Grande do Sul é o quinto estado brasileiro a receber a maior quantidade da vacina Coronavac, com 341,8 mil doses.
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) sustenta que o maior número possível de gaúchos deve se imunizar através da vacinação contra o novo coronavírus. O Rio Grande do Sul é o quinto estado brasileiro a receber a maior quantidade da vacina Coronavac, com 341,8 mil doses.
O presidente da Amrigs, Gerson Junqueira Junior, diz que a vacinação é muito importante para conter o avanço da pandemia. E destaca que, quanto mais pessoas forem imunizadas, melhor. O líder médico reitera ainda a importância da manutenção dos protocolos de prevenção, como o uso de máscaras, lavar as mãos e manter distanciamento social para assegurar menor risco de contágio.
Junqueira, que assumiu em outubro do ano passado a direção da Amrigs (para o triênio 2020-23), prega que a entidade tenha maior representatividade junto à sociedade e nas esferas governamentais em questões de saúde. Ele cita que a Amrigs, por exemplo, participou com demais entidades médicas e de segmentos econômicos da discussão sobre decretos relacionados à pandemia em Porto Alegre na nova gestão, do prefeito Sebastião Melo (MDB).
O dirigente lembra, ainda, que a associação promoveu debate com candidatos à prefeitura em 2020, quando foi apresentado este posicionamento mais proativo, de participar do debate de políticas públicas na área da saúde. Na oportunidade, uma carta de intenções foi entregue, relatando a capacidade da Associação Médica em auxiliar governantes. "Pedimos que a entidade fosse demandada em assuntos referentes à saúde como um todo e não apenas em relação à pandemia, e isso de fato aconteceu."
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Junqueira ainda informa que a Amrigs, que completa 70 anos em 2021, planeja um memorial para homenagear médicos que morreram no combate à Covid-19.
Jornal do Comércio - A Associação Médica do Rio Grande do Sul tem uma posição de apoio ao uso das vacinas contra a Covid-19?
Gerson Junqueira Junior - Sim. As pessoas devem compreender que a vacina é importante para conter o avanço da pandemia da Covid-19. Quanto mais pessoas imunizadas, melhor, uma vez que, a vacinação cria o que é chamado de "imunização de rebanho". A importância da vacinação não está somente na proteção imunológica individual, mas principalmente na sua aplicação de forma coletiva e na possibilidade de contenção da doença.
JC - A entidade está otimista com a aprovação emergencial das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Junqueira - Frente à pandemia mundial da Covid-19, a aprovação dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, tanto para a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan, a Coronavac, como da vacina produzida pelo laboratório AztraZeneca/Universidade de Oxford, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, traz um cenário otimista, porque abre um caminho para a imunização no País.
JC - E essas vacinas são seguras, na sua avaliação?
Junqueira - Quando a gente fala em vacina, o que é mais importante para nós, médicos? Primeiro, ter a certeza que essa vacina passou por todos os critérios de avaliações adequados. Todas essas (vacinas) que nós estamos falando, passaram pelos testes pré-clínicos e clínicos adequados e mostraram os seus resultados satisfatórios. Mostraram o que a gente espera de um medicamento testado. E, segundo, sabermos quais são os efeitos colaterais que estas vacinas têm. E os estudos mostraram que os efeitos colaterais são mínimos. Eles são toleráveis, assim como nós encontramos em qualquer outra medicação. O importante é saber se ela tem realmente eficácia e algumas têm eficácia de 95%, 96%, 97% e outras um pouco menos. Esses critérios nos fazem acreditar que a vacina é uma vacina segura e, sim, ela deve ser feita (aplicada). Claro que eu não estou aqui para fazer uma apologia sobre uma obrigatoriedade da vacina, mas é muito importante que as pessoas se vacinem, porque só assim nós vamos ter a imunidade geral. Então, é muito importante que as pessoas entendam que a vacina é segura.
JC - A Amrigs também tem expectativa em relação à vacina importada da Índia?
Junqueira - Também ajudará na imunização, assim como outras no futuro.
JC - Qual é a posição da Amrigs em relação ao aumento no número de novos infectados pelo coronavírus, assim como de mortos pela Covid-19?
Junqueira - A pandemia não terminou, muito antes pelo contrário. O que nós temos hoje é um aumento nos números de casos. Eles têm uma característica marcante, que são a contaminação dos mais em jovens. As pessoas estão se contaminando mais na informalidade. A comunidade precisa ter em mente, que todos aqueles protocolos que a gente vem batendo na tecla precisam ser seguidos. Usar a máscara, lavar as mãos, usar álcool gel, evitar as aglomerações e manter o distanciamento interpessoal. Isso é fundamental e a população nunca pode esquecer!
JC - Quais serão as próximas ações da Amrigs em relação à vacinação contra a Covid-19?
Junqueira - A Amrigs trabalha de forma institucional o incentivo à vacinação. Estamos acompanhando atos de início de imunização como entidade representativa e alertando a população para que não deixe de se vacinar. Esse procedimento deve ser feito assim que possível, porque é uma medida coletiva de proteção contra a Covid-19, ou seja, todos precisam ser vacinados.
JC - Uma das metas de sua administração à frente da Amrigs é tornar a entidade mais representativa junto à sociedade gaúcha. Como pretende concretizar essa meta?
Junqueira - Nós tivemos aqui (na Amrigs), um debate, no primeiro turno das eleições (em 2020) com 10 candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Depois, no segundo turno, com o Sebastião Melo (MDB), e com a Manuela d'Ávila, (PCdoB). Naquele momento, nós entregamos a ambos uma carta de intenções, em que a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) salientou a sua importância e o seu protagonismo, podendo auxiliar os governantes. A entidade tem a ciência médica e o conhecimento médico.
JC - A Amrigs participou da formatação do decreto municipal que entrou em vigor na primeira semana do governo Melo?
Junqueira - Logo que Melo assumiu como prefeito da Capital, ele fez uma reunião no Palácio do Comércio, onde a Amrigs e demais entidades reunidas discutiram assuntos, como a Covid-19, saúde e economia. O prefeito manifestou a intenção de que houvesse uma abertura do comércio, mas com muita parcimônia e, por isso, ele queria ouvir os nossos aconselhamentos. E, a partir dali, foram criados vários grupos de transição: de saúde e economia, só de Covid-19, só de saúde, em que a Amrigs participou de todos esses grupos.
JC - Existem outras iniciativas de ampliar a participação da entidade na tomada de decisões junto ao poder público na área da saúde?
Junqueira - Sim, estamos fazendo isso, desde que assumimos no dia 18 de outubro de 2020. Já fomos visitar o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Otomar Vivian (PP). Também foi realizada uma reunião na Defensoria Pública do Estado com o objetivo de colocar a entidade à disposição. Nós já fizemos visitas a faculdades de Medicina. Eu conversei com a professora Lúcia Kliemann, diretora da Faculdade de Medicina da Ufrgs (Famed) e ela de pronto aceitou e acolheu as minhas reivindicações. E, assim que possível, no início do ano letivo, nós vamos trazer esses acadêmicos para Amrigs. Eu estive em Santa Cruz, conversei com a coordenadora do curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a professora Tatiana Kurtz, eu fiz a mesma proposta e a mesma apresentação das nossas ideias e elas foram também aceitas. Enfim, tenho reunião com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), com a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e as faculdades de Santa Maria e Passo Fundo.
JC - O senhor já manteve um diálogo com o governador Eduardo Leite (PSDB)?
Junqueira - Eu ainda não conversei pessoalmente com o governador Eduardo Leite. A única visita que nós tivemos ao Piratini foi ao chefe da Casa Civil, Otomar Vivian. Ele reforçou o convite para que a Amrigs participe do Comitê da Covid-19 e que se manifeste em relação à pandemia.
JC - Passando para a atuação enquanto entidade de classe profissional. Como a Amrigs reforça a atuação junto à classe médica?
Junqueira - Nós realizamos uma reunião com todo o conselho da Amrigs, conselho de representantes de todo o Estado e também com os presidentes de todas as sociedades de especialidades médicas. Cerca de 70 pessoas participaram dessa reunião e uma das decisões tomadas é que a gente vai elaborar um manual sobre a Covid-19. A Associação Médica mostrará para comunidade, os pontos bem estabelecidos e retirando aquilo que é duvidoso e ou sem sentido. Isso é uma tarefa que nós pretendemos fazer em janeiro. Nós vamos retomar e apresentar isso, primeiro para classe médica e a partir daí levar para comunidade. É um tipo de uma cartilha, um manual de orientação da Covid-19.
JC - Esse ano também marca um data redonda da entidade. Quais são as principais atividades que vão marcar os 70 anos da Amrigs?
Junqueira - A Amrigs completa 70 anos no dia 27 de outubro de 2021. São 70 anos de uma história muito bonita no Rio Grande do Sul. Nós estamos com uma campanha para que o médico seja associado da Amrigs. Desde o primeiro dia de gestão, uma campanha busca atrair os acadêmicos de medicina. Eles precisam saber o que é o associativismo e o que representa os médicos estarem unidos e fortes dentro de uma sociedade, como a Amrigs.
JC - Dentro do projeto para homenagem aos 70 anos, o que mais está planejado?
Junqueira - Nós temos planejado e já foi lançado um concurso para escolha do logo dos 70 anos. Nós temos dois prêmios, que vão ser brevemente lançados: Prêmio Amrigs 70 anos de Práticas Médicas e Prêmio Amrigs 70 anos de Jornalismo.
JC - A Amrigs também planeja a criação de um memorial médico. O senhor pode detalhar como será esse projeto da entidade?
Junqueira - Uma coisa que eu acho que vai ser muito tocante para toda a comunidade e não só para a comunidade médica, é o lançamento de um memorial ao profissional médico, que tombou durante o combate à Covid-19. Nós ainda estamos conversando com um profissional, que casualmente é médico e artista plástico também. Estamos estudando de que forma nós vamos fazer esse memorial, se ele será internamente - dentro da nossa área física, ou se ele será externamente. Enfim, ainda está em projeto, mas certamente ali por maio ou junho as coisas já estarão "prontas" e a gente poderá lançá-lo. Esse memorial deverá ser atemporal, porque mesmo com a vacina, mesmo com as coisas melhorando em 2021, certamente, alguns ainda irão perecer no combate à Covid-19. Então, ele será atemporal, será um local de reflexão e de homenagem. E esperamos que no dia 27 de outubro, possamos fazer uma bela festa.
JC - E no interior do Estado?
Junqueira - Fizemos a primeira Caravana da Amrigs virtual. Nós fomos virtualmente até Erechim e lá, fizemos uma atividade científica, conversamos sobre a Síndrome de Burnout nos médicos, que trabalham e que vivenciam e que atuam na linha de frente contra a Covid-19.

Perfil

Gerson Junqueira Junior é graduado há 32 anos em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). É especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Digestiva, e possui mestrado e doutorado na área de Cirurgia. Atua em Porto Alegre no Hospital Mãe de Deus, onde é o chefe do Serviço de Cirurgia há mais de uma década. Há seis anos, ocupava o cargo de diretor-clínico do hospital, mas deixou o cargo após ter sido eleito para presidir a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs). Junqueira assumiu a Amrigs em outubro de 2020 para um mandato de três anos à frente da entidade. Ele atua na Amrigs há mais de duas décadas. Já foi presidente da Sociedade de Cirurgia Geral do Rio Grande do Sul; presidente da Sociedade de Cancerologia do Rio Grande do Sul e mestre do Capítulo Rio Grande do Sul do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Atualmente é membro da diretoria do Colégio Brasileiro de Cirurgiões do Rio Grande do Sul.