Os candidatos se esforçaram para estimular eleitores porto-alegrenses a irem às urnas. Mas, apesar de uma leve queda em relação ao primeiro turno, quando ficou em 33,08%, o índice de abstenção se manteve elevado no segundo turno: 32,76%. Na eleição que marcou a chegada de Sebastião Melo (MDB) à prefeitura de Porto Alegre, 354.692 pessoas não foram votar.
Foi o índice mais alto de abstenção no Estado no segundo turno: Santa Maria (31,34%), Canoas (31,67%), Caxias do Sul (25,37%) e Pelotas (29,38%). No primeiro turno, Porto Alegre já havia sido a capital com o maior índice de abstenção do País. Uma tendência que já vinha se desenhando nos últimos anos. Entre as eleições municipais de 2008 e 2016, cresceu de 16% para 25% em Porto Alegre. E agora, se consolidou acima dos 30%.
A última década tem sido marcada pelo crescimento das abstenções no Brasil, e o Rio Grande do Sul reforça as estatísticas. A média no Estado durante os últimos seis turnos, de 2014 a 2018, é de 18%, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Índice que coloca o Rio Grande do Sul como o que mais se absteve das eleições na Região Sul. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo ultrapassam os 20% na média de abstenções.
O desencanto com a política em função dos sucessivos casos de corrupção dos último anos é um dos motivos apontados por especialistas para esse aumento. Mas claro que uma análise deste ano não pode deixar de considerar a pandemia da Covid-19. Apesar de todos os cuidados com a segurança sanitária, muitos eleitores preferiram não arriscar.
Para o secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), Daniel Wobeto, o cenário de alta dos casos de coronavírus e o grande número de idosos na população, cujo voto é facultativo a partir dos 70 anos, ajudam a explicar o fato de Porto Alegre ter tido uma alta abstenção. "Os idosos são grupo de risco e tendem a não votar em função da pandemia", diz Wobeto.
O secretário do TRE traz outro dado importante. Porto Alegre é uma das poucas capitais que ainda não fez revisão do eleitorado, ou seja, não limpou o seu cadastro. "Isso significa que ainda temos constando como eleitores pessoas falecidas ou que não moram mais na cidade - e que ainda não transferiram o título eleitoral. Isso tudo aumenta a nossa estatística", ressalta.