Faltando três dias para as eleições, o tema do racismo figurou nesta quinta-feira (26) no programa eleitoral gratuito dos dois candidatos à prefeitura de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) e Manuela d'Ávila (PCdoB). O penúltimo dia de propaganda gratuita veiculada no rádio e televisão teve troca de acusações entre os candidatos.
No segundo turno, cada postulante ao Paço Municipal possui cerca de cinco minutos para apresentar suas propostas nos veículos de comunicação. O programa de Manuela foi veiculado primeiro. Depois de recapitular algumas propostas e destacar a importância de políticas para as mulheres, a candidata rebateu uma reclamação do emedebista sobre racismo.
"Meu adversário se vitimiza, dizendo que o chamei de racista. Mas ele não mostra quando nem onde (a acusação teria acontecido), porque isso é uma mentira. Tanto que eles entraram na Justiça e perderam", iniciou Manuela - enquanto aparecia na tela um trecho destacado da decisão judicial a favor da candidata do PCdoB.
Em seguida, ela explicou que, na verdade, criticou o apoio recebido por Melo de dois políticos que se envolveram em polêmicas em torno do tema racial. Um deles é o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), cujo partido faz parte da coligação de Melo. O outro é o ex-candidato à prefeitura de Porto Alegre, Valter Nagelstein (PSD), que declarou apoio ao emedebista no segundo turno do pleito.
"O que a nossa campanha afirma é que o vice-presidente Mourão, que declarou que não existe racismo no Brasil, apoia o meu adversário. E que o ex-candidato Valter, que classificou as novas vereadoras e o vereador como 'negros' e 'com pouquíssima qualificação formal', também apoia o meu adversário", reiterou a candidata do PCdoB.
E concluiu com um recado ao oponente: "Melo, o mínimo que tu poderias fazer é dizer que não concorda com essas pessoas na tua campanha".
Logo após a fala de Manuela, entrou no ar o programa de Melo - abordando o mesmo tema. Olhando para a câmera, Melo afirmou: "minha adversária passou de todos os limites ao me acusar de racismo".
Ele prosseguiu: "com a minha biografia e os valores nos quais acredito, não posso me calar diante de tamanha injustiça. Jamais imaginaria que ela chegasse a tão baixo nível para tentar ganhar uma eleição".
E encerrou sua abordagem sobre o tema, revelando que vai insistir na ação judicial contra Manuela. "Tomarei todas as medidas judiciais cabíveis, porque eleição não é um jogo de vale tudo", concluiu. Na sequência, seu programa se dedicou a recapitular as principais propostas apresentadas ao longo da campanha.