A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Porto Alegre que investiga irregularidades na gestão de Nelson Marchezan Júnior (PSDB) aprovou
relatório, apresentado nesta segunda-feira (31), que indicia o prefeito. Foram oito votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção.
“O prefeito se dizendo tão irresignado com velhos costumes políticos acabou inovando e reformulando pecados típicos contra a sociedade porto-alegrense”, afirmou o relator Wambert di Lorenzo (PTB), na leitura do relatório final.
As denúncias vão desde acusação de favorecimento ilegal de empresas no transporte público municipal pelo ex-diretor da Procempa e ex-presidente do Conselho de Administração da Carris Michel Costa e no Banco de Talentos a irregularidades na locação de um prédio na avenida Júlio de Castilhos para abrigar setores administrativos de órgãos do município. O relatório não identificou irregularidades na locação.
A leitura da peça conclusiva, com 225 páginas, ficou restrita aos pontos principais do texto, conforme definição do presidente da CPI, vereador Roberto Robaina (PSOL), e do relator. A apresentação da íntegra do relatório poderia levar cerca de oito horas.
O texto completo foi disponibilizado aos integrantes da comissão na última quinta-feira (27), para que não houvesse prejuízo ao voto dos componentes.
Reunião da comissão teve grande movimentação nos bastidores e foi transmitida por meio digital. Foto: Reprodução/TV Câmara
A reunião foi marcada por intensa movimentação entre os vereadores. Antes da sessão de leitura, parlamentares aliados de Marchezan chegaram a ingressar com medida judicial na tentativa de suspensão da CPI, alegando excesso de prazo de funcionamento sem conclusão. O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) não concedeu suspensão.
Líder do governo na Câmara, o vereador Mauro Pinheiro (PL) classificou a CPI como política e apontou a existência de "diversos erros". “São vários vereadores unidos para impedir que um prefeito eleito vá às urnas. Essa foi a CPI mais longa da história, estamos há mais de 300 dias com a comissão funcionando. Uma Comissão totalmente sem critério”, criticou Pinheiro.
A CPI, instalada em outubro de 2019, investigou fatos relacionados a denúncias apresentadas na quinta solicitação de abertura de processo impeachment contra o prefeito. O pedido acabou rejeitado pelo Plenário em setembro de 2019, mas as denúncias resultaram na abertura da CPI um mês depois.
O indiciamento aprovado nesta segunda-feira (31) não tem relação com o processo de impeachment aberto pelo Legislativo em 5 de agosto, sexto pedido protocolado contra Marchezan na atual legislatura.