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Política

- Publicada em 17 de Agosto de 2020 às 19:53

'Doleiro dos doleiros', Messer é condenado, mas prisão ocorrerá só após pandemia

Doleiro era o líder de um banco paralelo que movimentou US$ 1,6 bilhão

Doleiro era o líder de um banco paralelo que movimentou US$ 1,6 bilhão


FREEPIK/REPRODUÇÃO/JC
O doleiro Dario Messer foi condenado nesta segunda-feira (17) a 13 anos e 4 meses de prisão pelo crime de evasão de divisas. A sentença do juiz Alexandre Libonati determina o início do cumprimento da pena em regime fechado, mas apenas após o fim da pandemia do novo coronavírus.
O doleiro Dario Messer foi condenado nesta segunda-feira (17) a 13 anos e 4 meses de prisão pelo crime de evasão de divisas. A sentença do juiz Alexandre Libonati determina o início do cumprimento da pena em regime fechado, mas apenas após o fim da pandemia do novo coronavírus.
Messer foi condenado, pela primeira vez, no processo da Operação Marakata, um desdobramento da Câmbio, Desligo que se refere às operações dolar-cabo feitas para empresários que exploram pedras preciosas na Bahia.
A sentença foi proferida cinco dias após o mesmo magistrado homologar a delação premiada do "doleiro dos doleiros", como ele é conhecido por seu protagonismo na atividade.
O acordo prevê que ele cumpra 18 anos e 9 meses de pena, além de abrir mão de seu patrimônio estimado em R$ 1 bilhão. A maior parte dos bens está no Paraguai, cujo governo reivindica ficar com uma parte dos recursos. A proporção será definida por acordo de cooperação internacional.
Messer está em prisão domiciliar desde abril deste ano após decisão da 6ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Os ministros consideraram que ele faz parte do grupo de risco da Covid-19 e aceitaram o pedido da defesa de saída da prisão até o fim da pandemia.
O doleiro foi preso em julho do ano passado após ficar um ano foragido. A estimativa é que ele fique mais dois anos na cadeia, quando passar a cumprir de novo o regime fechado da pena.
Dario Messer era o líder de um banco paralelo que movimentou US$ 1,6 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 5,3 bilhões) de 2011 a 2017 envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países. Ele também é apontado como o controlador do banco Evergreen (EVG) em Antígua e Barbuda, no Caribe. Uma lista de mais de 400 clientes está nas mãos do Ministério Público Federal para apurar quais casos envolvem crime -o banco misturava negócios legais e ilegais.
A atuação da família Messer no câmbio ilegal remonta à década de 1980, pelas mãos do patriarca Mordko Messer, espécie de mentor do esquema mantido por Dario.
As amizades do "doleiro dos doleiros" vão desde o ex-atacante Ronaldo Fenômeno até o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes, que o chamou de "irmão de alma". O paraguaio foi socorrido pelo patriarca Mordko numa fase de dificuldades financeiras. Atualmente, é réu em ação penal da Lava Jato fluminense.
O doleiro foi investigado na CPI do Banestado e teve o nome citado no escândalo do mensalão. Em 2009, ele foi alvo da Polícia Federal na Operação Sexta-Feira 13, que investigou um fluxo de mais de US$ 20 milhões em paraísos fiscais, um esquema que funcionava desde 1997.
Messer se tornou foragido em 2018 após a Operação Câmbio, Desligo, que mirou a atuação de seis dezenas de doleiros e seus funcionários no país.
A investigação teve como base dois sócios minoritários de Messer, Vinicius Claret e Cláudio Barboza. Os dois eram os responsáveis por operar toda a complexa estrutura de dólar-cabo, enquanto o "doleiro dos doleiros" era o lastro financeiro da dupla, bem como o responsável por avalizar a confiança dos dois em sua rede de contatos no país e no exterior.
A estrutura montada pelo grupo era uma das poucas que conseguia operar as duas pontas do dólar-cabo: ao mesmo tempo, oferecer dinheiro vivo no país e ter caixa disponível em contas no exterior, em paraísos fiscais. Dario chegou a ensaiar uma delação premiada com procuradores federais em 2017 e 2018. Esbarravam na recusa do investigado em permanecer um dia sequer na prisão.
A delação se tornou uma opção discutida por Messer no início da 2017, após a homologação da colaboração de executivos da Odebrecht. Os nomes de Claret e Barboza já havia aparecido nos registros da empreiteira, uma das principais clientes do banco paralelo do doleiro.
Folhapress
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