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Política

- Publicada em 17 de Agosto de 2020 às 19:44

Fachin diz que TSE deveria ter autorizado candidatura de Lula e critica 'escalada autoritária' após 2018

As declarações foram dadas em palestra online no VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral

As declarações foram dadas em palestra online no VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral


ROSINEI COUTINHO/SCO/STF/JC
O ministro Edson Fachin (STF) afirmou nesta segunda-feira (17) que o Brasil vive uma "recessão democrática" e que o futuro está "sendo contaminado pelo despotismo".
O ministro Edson Fachin (STF) afirmou nesta segunda-feira (17) que o Brasil vive uma "recessão democrática" e que o futuro está "sendo contaminado pelo despotismo".
Fachin disse ainda que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, vetada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), teria "feito bem à democracia" e fortalecido o "império da lei".
À época, a candidatura de Lula foi barrada pelo TSE com base na Lei da Ficha Limpa -o petista já havia sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Lula nega os crimes e diz ser perseguido politicamente.
Fachin não citou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas afirmou, em mais de uma oportunidade, que existe "cavalo de Troia dentro da legalidade constitucional do Brasil", em referência a uma ameaça oculta à democracia no país.
O ministro do Supremo também apontou que houve uma "escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018".
"Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e organizações envolvidas com atividades ilícitas. Conduta de quem elogia ou se recusa a condenar ato de violência política no passado", declarou.
As declarações foram dadas em palestra online no VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral. Segundo Fachin, o país se acostumou a viver no abismo, e a democracia vive riscos. "As eleições de 2022 podem ser comprometidas se não se proteger o consenso em torno das instituições democráticas."
Para o ministro, o futuro pode estar comprometido. "O presente que vivenciamos, além do efeito da pandemia, também está tomado de surtos arrogantes e ameaças de intervenção. O futuro está sendo contaminado por despotismo."
O magistrado citou pesquisas de opinião e ressaltou que os elevados índices de "alienação eleitoral" e a fragilidade do apoio à democracia demonstram, "inequivocamente, que vivemos uma recessão democrática".
Fachin criticou parcela da população que considera indiferente o regime democrático e ressaltou que "quase um terço da população se agasalha nas cômodas vestes a apatia".
Ele também comentou o voto proferido em 2018, quando foi o único ministro do TSE a favor da concessão do registro de candidatura ao ex-presidente Lula. Por 6 a 1, na ocasião, a corte eleitoral decidiu que, por ter condenação criminal em segunda instância, o petista não poderia concorrer à Presidência, pois estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
"Fiquei vencido naquele julgamento, mas a lição ficou pra todos. Não há democracia sem ruído, sem liberdade e sem igualdade de participação. Não nos deixemos levar pelos ódios tradicionais", afirmou Fachin.
Por fim, o ministro criticou, ainda, a "disseminação de campanhas de ódio" e "bárbara progressão de desconfiança no regime democrático".
Folhapress
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