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Política

- Publicada em 14 de Junho de 2020 às 19:46

STF jamais se sujeitará a nenhum tipo de ameaça, diz Toffoli

A manifestação do ministro ocorre após grupo de manifestantes lançar fogos de artifício contra o prédio do STF na noite de sábado

A manifestação do ministro ocorre após grupo de manifestantes lançar fogos de artifício contra o prédio do STF na noite de sábado


ROSINEI COUTINHO/SCO/STF/DIVULGAÇÃO/JC
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou neste domingo (14) que a corte "jamais" se sujeitará a nenhum tipo de ameaça "seja velada, indireta ou direta". A manifestação do ministro ocorre após um grupo de manifestantes lançar fogos de artifício contra o prédio do STF na noite de sábado (13) simulando um bombardeio.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou neste domingo (14) que a corte "jamais" se sujeitará a nenhum tipo de ameaça "seja velada, indireta ou direta". A manifestação do ministro ocorre após um grupo de manifestantes lançar fogos de artifício contra o prédio do STF na noite de sábado (13) simulando um bombardeio.
"O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão", afirmou Toffoli, em nota divulgada por sua assessoria.
No texto, o presidente da corte ainda diz que o ato "simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas. Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos, Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira".
A referência a integrantes do governo é endereçada ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. Neste domingo, ele se reuniu com manifestantes bolsonaristas que integravam o acampamento armado na Esplanada dos Ministérios, que foi desmontado pela polícia no sábado.
Em conversa divulgada nas redes sociais entre os ativistas e o ministro, ele diz: "Já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos", ao comentar o inconformismo de um dos interlocutores sobre pagamento de impostos para os "corruptos" roubarem. O grupo reage com aplausos e frases como "Weintraub tem razão".
Weintraub não cita o STF, mas membros da Corte avaliaram que as palavras reforçaram os ataques feitos pelo ministro da Educação ao STF durante reunião ministerial.
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, Weintraub afirmou que, se dependesse dele, colocaria "esses vagabundos todos na cadeia", começando no STF (Supremo Tribunal Federal). "Eu por mim colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF", disse Weintraub.
Na nota, o presidente do STF afirma ainda que a Corte é "guardião da Constituição" e que usará "de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira".
O ministro Alexandre de Moraes, que conduz as investigações sobre os ataques à Corte, também reagiu aos ataques ao prédio do STF. "O STF jamais se curvará ante agressões covardes de verdadeiras organizações criminosas financiadas por grupos antidemocráticos que desrespeitam a Constituição Federal, a Democracia e o Estado de Direito. A lei será rigorosamente aplicada e a Justiça prevalecerá", afirmou o ministro numa rede social.
No episódio dos fogos no sábado, um homem profere insultos e menciona alguns nomes de ministros: Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandovsky Gilmar Mendes e do próprio presidente da Corte, segundo vídeo postado em redes sociais. 
O homem faz ameaças dizendo aos ministros: "Se preparem, Supremo dos bandidos, aqui é o povo que manda". Segundo a Polícia Militar do DF, um grupo de aproximadamente 30 pessoas realizou um culto na Praça dos Três Poderes e encerrou a cerimônia com fogos de artifício. Os militares não impediram os ataques ao prédio.
A falta de reação levou o governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerar neste domingo o coronel Sérgio Luiz Ferreira de Souza do cargo de subcomandante-geral da Polícia Militar do DF. Souza estava respondendo pelo comando da corporação - o titular, coronel Julian Rocha Pontes está hospitalizado por causa do coronavírus.
No domingo, o Ministério Público Federal (MPF) determinou a abertura de inquérito policial para investigar o lançamento de fogos de artifício em direção ao prédio. Também foi solicitada perícia no local a fim de identificar danos ocorridos no edifício e resguardar provas processuais. O procedimento tramita em regime de urgência e sob caráter reservado.

STF e TSE manifestam preocupação

Integrantes do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reagiram com preocupação com a nota divulgada por Jair Bolsonaro na noite de sexta-feira (12). Após o ministro Luiz Fux ter publicado decisão ressaltando que as Forças Armadas não são poder moderador da República, Bolsonaro divulgou comunicado também assinado por Mourão e pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo --ambos generais da reserva, afirmando que os militares "não cumpre decisões absurdas".
"As FFAA (Forças Armadas do Brasil) não cumprem ordens absurdas, como por exemplo a tomada de poder. Também não aceitam tentativas de tomada de poder por outro Poder da República, ao arrepio das leis, ou por conta de julgamentos políticos", afirma o mandatário na nota.
Os ministros avaliam que o governo tem preocupação com julgamento da chapa presidencial no TSE.
Magistrados ouvidos pela Folha afirmam, reservadamente, tratar-se de mais uma tentativa de intimidação contra o Judiciário. No entanto, não veem uma ameaça no documento, avalizado por militares e pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
Os ministros acreditam ser parte da retórica construída por Bolsonaro, mas que o governo segue cumprindo as decisões do Judiciário.
De acordo com eles, o presidente usa os ataques às instituições como uma espécie de "cortina de fumaça" a sua incapacidade de gerar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
No sábado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi ao acampamento do movimento autointitulado "300 do Brasil" visto como um dos responsáveis pelos recentes ataques ao STF e ao Congresso.
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