Duas semanas após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que chegou ao Palácio das Laranjeiras, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu nesta quarta-feira abrir um processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel (PSC).
Dos 70 deputados, 69 se posicionaram favoravelmente à abertura do processo por suspeita de desvios em contratos da saúde. O líder do MDB, Rosenverg Reis, não se manifestou. Witzel não contou nem sequer com apoio de parlamentares do PSC, seu próprio partido.
Esse foi apenas o primeiro passo de um processo que definirá se o governador do Rio será afastado. Ainda assim, a votação quase unânime indica um cenário desfavorável para Witzel, que vê ruir o apoio que ainda mantinha na Assembleia. Posicionaram-se contra ele parlamentares de todos os espectros políticos: da esquerda representada pelo PT e PSOL aos deputados bolsonaristas.
Eleito como aliado de Jair Bolsonaro, Witzel se tornou desafeto do presidente, com quem trocou acusações durante a pandemia do coronavírus. Após ser alvo da operação da PF, porém, o governador decidiu nesta semana recuar no tom dos ataques e se colocar aberto ao diálogo, em meio também a uma crise fiscal e à dependência de negociações com a União para viabilizar seu governo.
Normalmente, a abertura do processo de impeachment é uma decisão que cabe apenas ao presidente da Alerj - atualmente, o deputado estadual André Ceciliano (PT). Apesar disso, ele realizou uma votação simbólica no plenário para determinar o prosseguimento. Até esta quarta-feira, havia 14 pedidos de impeachment na Mesa Diretora.
Em nota, Witzel disse ter recebido a notícia com "espírito democrático e resiliência" e que seguirá em suas funções como governador e que preparará sua defesa.