Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Política

- Publicada em 10 de Junho de 2020 às 21:13

Fachin vota a favor do inquérito das fake news e fala em omissão contra ataques ao STF

Fachin ressaltou que pedir a prisão de integrantes do STF também se enquadra nas hipóteses do inquérito

Fachin ressaltou que pedir a prisão de integrantes do STF também se enquadra nas hipóteses do inquérito


ROSINEI COUTINHO/SCO/STF/JC
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pelo prosseguimento do inquérito das fake news, que apura a disseminação de notícias falsas e ameaças a integrantes da corte.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pelo prosseguimento do inquérito das fake news, que apura a disseminação de notícias falsas e ameaças a integrantes da corte.
O magistrado foi o único a votar nesta quarta. A análise do caso será retomada na próxima semana, a partir da sessão de 17 de junho. 
Fachin propôs que o objeto do inquérito seja limitado a ações que ofereçam "risco efetivo" à independência do Poder Judiciário. Como exemplo de atos desta natureza, citou ameaças a ministros e a incitação ao fechamento do Supremo.
Sem mencionar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, Fachin ressaltou que pedir a prisão de integrantes do STF também se enquadra nas hipóteses do inquérito. O chefe da pasta da Educação do governo Jair Bolsonaro afirmou, em reunião ocorrida no dia 22 de abril, que, por ele, botaria "esses vagabundos todos na cadeia, começando pelo STF".
Fachin é o relator da ação que questiona a legalidade do ato do presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, de abrir a investigação de ofício, ou seja, sem provocação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Também é contestada a indicação do ministro Alexandre de Moraes como relator sem realização de sorteio entre todos os ministros, como ocorre geralmente.
Fachin defendeu a exclusão de "matérias jornalísticas" das investigações. Foi neste inquérito, por exemplo, que Moraes mandou tirar do ar uma reportagem da revista Crusoé que envolvia Toffoli.
Também foi neste inquérito que Moraes determinou operação policial, em 27 de maio, contra deputados, empresários e blogueiros bolsonaristas.
Fachin também sustentou que as apurações não podem se voltar contra manifestações pessoais que não integrem um sistema de financiamento e divulgação em massa de fake news.
O relator admitiu que o assunto é "controverso", mas salientou que o regimento interno do STF, que tem força de lei, permite a apuração de supostos crimes contra a corte quando há omissão da PGR ou da Polícia Federal.
Ao final do voto, Toffoli fez questão de elogiar o colega. "Vossa excelência nos brindou com um aprofundado voto, um dos mais brilhantes já proferidos nesta Suprema corte", disse. Moraes fez o mesmo e enalteceu a posição do relator da ação da Rede.
Fachin defendeu, ainda, que o Congresso e o Supremo têm o desafio de determinar os limites entre entre liberdade de expressão e notícias fraudulentas, as chamadas fake news.
Para ele, o exercício da liberdade de expressão deve obedecer três limites: proteção a direitos ou à reputação de terceiros; proteção da segurança nacional e da ordem pública; e proibição de propaganda a favor da guerra e de apologia ao ódio.
Além disso, Fachin deu a entender que a omissão da PGR e da Polícia Federal em investigar ataques à corte justificaram a abertura do inquérito. "O artigo 43 do regimento interno é, sem dúvida alguma, regra excepcional, que confere ao Judiciário, diante da omissão dos órgãos de controle, função atípica na seara da investigação, de modo que a fim de preservar preceitos fundamentais", disse, antes de votar pelo prosseguimento do inquérito.
O ministro também fez um discurso enfático na defesa da democracia e contra os movimentos que pedem o fechamento do STF e do Congresso.
"Não há liberdade de expressão que ampare a defesa desses atos. Quem os pratica precisa saber que enfrentará a Justiça constitucional do seu país. Precisa saber que este Supremo não os tolerará, não há direito e não há princípios que possam ser invocados para que se autorize transigir com a prevalência dos direitos fundamentais", comentou.
Fachin observou que a Constituição dá ao STF a palavra final sobre a interpretação correta da Constituição, e não às Forças Armadas, como sustentaram alguns bolsonaristas após os movimentos contra o Supremo protagonizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ganharem força.
"Não há no texto constitucional qualquer norma que autorize outro poder ou instituição a última palavra sobre e a Constituição Federal, que cabe ao Judiciário. A espada sem a justiça é o arbítrio", frisou.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO