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Mobilização

- Publicada em 09 de Março de 2020 às 03:00

Atos pelo Dia da Mulher têm crítica ao presidente

Passeata na capital paulista envolveu mais de 80 entidades

Passeata na capital paulista envolveu mais de 80 entidades


/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
Grupos feministas se reuniram na avenida Paulista, centro de São Paulo, em uma manifestação pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo (8).
Grupos feministas se reuniram na avenida Paulista, centro de São Paulo, em uma manifestação pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo (8).
Às 14h, horário para o qual o ato foi convocado, manifestantes de coletivos como Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Central Sindical Popular e Mulheres do Sindicato dos Metroviários de SP já se reuniam no vão livre do Masp e no parque Mario Covas sob chuva, que durou até as 15h30min. O ato também contou com a presença de grupos ligados a partidos, como PSOL, PSTU, PCO e PT.
Portavam tambores, bandeiras e faixas com dizeres em lembrança à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018, a favor da democracia, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e em defesa das mulheres, como "em casa, na rua, no trabalho e no transporte: exigimos respeito! Basta de violência".
"Fora Bolsonaro! Ele não, ela sim! Nenhuma a menos!", repetiam os presentes em coro, ecoando fala de uma representante do Cabaré Feminista em uma caixa de som. "Ele não, ele nunca, nós sim! Nós não queremos (João) Dória governador!", emendou ela.
Um tumulto ocorreu quando um homem foi expulso do agrupamento em frente ao parque Mario Covas após ofender uma das representantes do coletivo. Alterado, ele foi sendo empurrado para longe da reunião e foi embora pela alameda Ministro Rocha Azevedo.
Um coletivo formado por nove organizações religiosas entoava "quem é cristão não apoia a ditadura, Bolsonaro não é cristão coisa nenhuma" durante o ato.
Em São Paulo, o protesto envolveu mais de 80 entidades - entre coletivos feministas, movimentos sociais e siglas de esquerda.
O ato começou a ser preparado em janeiro, já com o tema "Mulheres contra Bolsonaro". Segundo líderes, a ênfase no nome do presidente se impôs por causa das ações contrárias a demandas históricas do movimento, como igualdade de gênero, combate à violência doméstica e descriminalização do aborto.
O protesto se soma a outros dois de oposição ao governo marcados para este mês: o do dia 14, que pedirá esclarecimentos sobre a morte de Marielle Franco na data em que o assassinato faz dois anos, e o do dia 18, organizado, inicialmente, por melhorias na educação e nos serviços públicos.
O ato ocupou quatro faixas de três quarteirões da avenida e desceu a rua Augusta em direção ao Centro. Policiais militares no local estimavam o público em mil pessoas por volta das 15h30min.
Em Brasília, grupos de mulheres e organizações sociais saíram em marcha na região central da cidade na manhã deste domingo. A caminhada passou pelo Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, e a Funarte (Fundação Nacional de Artes).
O ato teve mensagens contra o machismo, o racismo e a violência, além da defesa de direitos dos trabalhadores.
Junto ao grupo estavam participantes do Encontro Nacional de Mulheres Sem Terra. De acordo com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), este foi o primeiro encontro organizado exclusivamente por mulheres camponesas.
Já em Porto Alegre, um ato com o ensaio de blocos de Carnaval ocorreu na manhã deste domingo na praça Júlio de Mesquita, no Centro Histórico. A programação segue nesta segunda-feira, com um ato unificado que se concentra na Esquina Democrática a partir das 17h30min.

Mesmo maior, bancada feminina no Congresso enfrenta barreiras

Apesar do crescimento numérico de parlamentares do sexo feminino no Congresso Nacional, a partir das eleições de 2018, o Legislativo brasileiro ainda é um ambiente predominantemente masculino.
Pesquisas da Transparência Partidária, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB) demonstram que, embora haja avanços em relação a mandatos passados, mesmo eleitas, as mulheres são preteridas dentro das estruturas de poder das casas.
Desde 1826, passaram pelos corredores da Câmara 7.333 deputados, incluindo suplentes. As deputadas vieram em 1933 e, ao longo de quase 90 anos, ocuparam 266 cadeiras.
Na eleição de 2018, a bancada feminina saltou de 53 para 77 deputadas. Hoje, estão ativas na casa 76 parlamentares. O número é o maior já alcançado, com 15% do total de deputados - embora muito distante da paridade, já que as mulheres são 51% da população brasileira.
Mas a discrepância não cessa quando as mulheres são eleitas. Na Câmara, durante 185 anos, a Mesa Diretora foi composta apenas por homens. Apenas em 2011 a então deputada e hoje senadora Rose de Freitas (Podemos) foi eleita por seus pares para ocupar um posto como titular do colegiado.
Depois dela, outras três deputadas foram titulares na mesa: Mara Gabrilli (PSDB-SP), de 2015 a 2017; Mariana Carvalho (PSDB-RO), de 2017 a 2019; e Soraya Santos (PL-RJ), atual primeira-secretária.
Isso significa que, entre todas as deputadas da história, só 0,01% chegou ao órgão de maior importância na casa. Nunca houve uma presidente da Câmara ou do Senado. "Há uma visão de que a mulher pode até entrar na política, mas não nos espaços onde de fato se define a política", afirma a cientista política Debora Gershon, pesquisadora do OLB. Ela aponta, ainda, que as parlamentares mulheres acabam sendo direcionadas para pautas que reproduzem estereótipos na sociedade.
Isso fica evidente nas comissões, onde são maioria apenas no colegiado que trata de defesa dos direitos da mulher, com 90,6%. Elas também estão maior número em comissões como a de defesa dos direitos do idoso (42%) e deficientes físicos (37,6%). Já em colegiados como as comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Finanças e Tributação (CFT), são sub-representadas, com 4,3% e 3,8% dos membros, respectivamente.

No Twitter, Bolsonaro cita mãe e passagem bíblica para aludir à data

Em mensagem divulgada neste domingo pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez referência ao Dia Internacional da Mulher. "Em nome da Sra. Olinda Bonturi Bolsonaro, minha mãe que fará 93 anos dia 28 de março, saúdo todas as mulheres do nosso Brasil", escreveu o presidente, antes de concluir com a citação do livro bíblico "Provérbios 14:1 - A mulher sábia edifica o lar".