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Política

- Publicada em 02 de Março de 2020 às 19:31

Juiz autoriza transferência de Adélio de prisão federal para 'local adequado' de tratamento

Adélio Bispo está preso na penitenciária federal de Campo Grande desde setembro de 2018

Adélio Bispo está preso na penitenciária federal de Campo Grande desde setembro de 2018


TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL/JC
O juiz responsável pelo acompanhamento da prisão de Adélio Bispo de Oliveira autorizou nesta segunda-feira (2) que o autor da facada no então presidenciável Jair Bolsonaro seja transferido da penitenciária federal de Campo Grande (MS), onde está preso desde setembro de 2018.
O juiz responsável pelo acompanhamento da prisão de Adélio Bispo de Oliveira autorizou nesta segunda-feira (2) que o autor da facada no então presidenciável Jair Bolsonaro seja transferido da penitenciária federal de Campo Grande (MS), onde está preso desde setembro de 2018.
O magistrado Dalton Igor Kita Conrado, da 5ª Vara Federal Criminal de Campo Grande, considerou que o presídio não é local adequado para o cumprimento da medida de segurança aplicada a Adélio, que foi declarado inimputável pela Justiça.
Representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU) em Mato Grosso do Sul que monitoram a situação de Adélio são favoráveis à transferência. O destino do autor do crime será decidido pela 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG), cidade onde ocorreu o ataque.
Tanto o MPF quanto a DPU defendiam o retorno de Adélio ao estado de origem. A família dele mora em Montes Claros, cidade na região norte de Minas, e nunca o visitou em Campo Grande.
Adélio recebeu da Justiça, em junho de 2019, a chamada absolvição imprópria - ele foi reconhecido como autor do crime, mas não pôde ser responsabilizado penalmente, já que foi considerado inimputável por ter uma doença mental, o transtorno delirante persistente.
Adélio cumpre uma medida de segurança, durante a qual deveria ser submetido a tratamento psiquiátrico. As autoridades que acompanham o caso, no entanto, afirmam que a penitenciária federal não dispõe de estrutura adequada para essa finalidade.
"Adélio Bispo não é imputável, não devendo, portanto, permanecer em estabelecimento penal destinado apenas ao encarceramento de indivíduos e que não possui espaço destinado ao tratamento adequado à patologia reconhecida em sentença", escreveu Conrado na decisão.
O juiz decidiu que o autor do ataque "deverá ser internado em local apropriado ao cumprimento da medida de segurança, com estrutura, equipe técnica e medicamentos necessários ao tratamento da sua enfermidade mental".
A direção do presídio de Campo Grande afirmou, no processo, que o local não é indicado para ações terapêuticas prolongadas, como o caso de Adélio demanda.
Na decisão, o magistrado deu um prazo de 30 dias para que o preso saia da penitenciária e retorne ao juízo de origem, "para recolhimento e tratamento em local adequado à medida de segurança". 
O juiz Bruno Savino, de Juiz de Fora, até agora vem se manifestando favorável à permanência de Adélio no sistema federal, por razões de segurança. Para ele, haveria risco à integridade física do interno em outro tipo de estabelecimento prisional, além de sua "elevada periculosidade".
O esfaqueador não preenche os requisitos necessários para ficar trancafiado nos estabelecimentos penais federais de segurança máxima, como ter liderado organização criminosa ou praticado delitos violentos em série.
Segundo a DPU e pessoas que trabalham no complexo sul-mato-grossense, ele é o único interno do sistema penitenciário federal com esse perfil (o de uma pessoa que cumpre medida de segurança e precisa se tratar).

Adélio apresenta quadro estável

Adélio passou a apresentar um quadro de saúde estável nos últimos meses, mesmo sem ser submetido a um tratamento específico para o transtorno. O esfaqueador não aderiu aos remédios disponibilizados pelos médicos da instituição (geralmente são oferecidos ansiolíticos), mas começou a exibir menos sintomas de confusão mental.
Se antes eram frequentes os delírios, com afirmações de que a penitenciária fora construída com arquitetura maçônica e parecia um lugar de maldições repleto de satanismo, agora as mensagens que externa são sobre a vontade de ficar perto da família, de ser libertado e de voltar a trabalhar.
Adélio tentou matar Bolsonaro durante um ato de campanha em setembro de 2018. O agora presidente da República já precisou passar por quatro cirurgias em decorrência do atentado. As investigações da Polícia Federal sobre o caso apontam até o momento que ele agiu sozinho. Desde o ataque, ele repete a versão de que cometeu o atentado a mando de Deus, para livrar o Brasil do que seria um perigo representado pelo político.
Em novembro do ano passado, o preso recusou uma oferta de delação premiada feita pelo delegado Rodrigo Morais, da superintendência da Polícia Federal em Belo Horizonte, que é o responsável pela apuração. Ele disse que não tinha ninguém para citar, reforçando a tese de"lobo solitário" considerada pelos oficiais.
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