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Política

- Publicada em 15 de Janeiro de 2020 às 13:06

Governo ignora ministérios em PEC que extingue fundos

Ao menos seis pastas afirmam não terem sido consultadas sobre PEC idealizada por Guedes

Ao menos seis pastas afirmam não terem sido consultadas sobre PEC idealizada por Guedes


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL/JC
Agência Estado
O governo federal ignorou ministérios na proposta de extinguir 248 fundos públicos que constituem cerca de R$ 220 bilhões do Orçamento federal. Ao menos seis pastas afirmam não terem sido consultadas sobre a possível extinção das reservas, idealizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Para tentar manter acesso à verba destinada exclusivamente a temas de sua área, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, pretende encaminhar ao Congresso projetos de lei para evitar o fim de dois fundos.
O governo federal ignorou ministérios na proposta de extinguir 248 fundos públicos que constituem cerca de R$ 220 bilhões do Orçamento federal. Ao menos seis pastas afirmam não terem sido consultadas sobre a possível extinção das reservas, idealizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Para tentar manter acesso à verba destinada exclusivamente a temas de sua área, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, pretende encaminhar ao Congresso projetos de lei para evitar o fim de dois fundos.
A PEC 187/2019 é uma das três propostas que fazem parte de um pacote econômico entregue pelo presidente Jair Bolsonaro e por Guedes em novembro. O texto prevê a extinção de duas centenas de fundos infraconstitucionais, aqueles que não são previstos na Constituição. O dinheiro destinado a esses fundos é "carimbado", ou seja, só pode ser utilizado com o propósito específico de cada fundo e não pode ser transferido.
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O objetivo da mudança, segundo justificativa do Ministério da Economia, é tirar "carimbo" dessa verba e usar esse montante para quitar parte da dívida da União.
Técnicos do ministério argumentam que nem sempre o dinheiro destinado a esses fundos é todo utilizado. Em geral, os Estados têm problemas para conseguir acesso à verba porque apresentam projetos falhos ou que não cumprem todos os critérios legais. Enquanto o ano não acaba, o dinheiro parado no fundo não pode ser transferido a outras áreas.
De acordo com a PEC, todos os 248 fundos serão eliminados em até dois anos após a aprovação da emenda a não ser que o Congresso aprove leis complementares que evitem a extinção de cada fundo. A aprovação de lei complementar depende de maioria absoluta na Câmara e no Senado.
Consulta
Entre novembro e dezembro, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) enviou dezenas de pedidos de informação aos ministérios por meio de seu gabinete ou via Lei de Acesso de Informação. Oito deles (Desenvolvimento Regional, Ciência e Tecnologia, Mulher, Família e Direitos Humanos, Justiça, Cidadania, Educação e Agricultura e Infraestrutura) responderam que não foram consultados ou não possuem estudos sobre qual é o impacto da extinção dos fundos na execução de políticas públicas.
"O Ministério da Economia funciona com base na centralização autoritária e não em pareceres técnicos. Vai soltando as propostas sem medir as consequências", disse o deputado.
O Ministério da Mulher, comandado por Damares, respondeu que vai ao Congresso para tentar aprovar leis complementares que evitem a extinção de dois fundos ligados à pasta.
"No caso de eventual aprovação da PEC 187/2019 este ministério fará esforços para a manutenção do Fundo Nacional da Criança e do Adolescente, como do Fundo Nacional do Idoso, apoiando se necessário a tramitação e aprovação complementar para ratificar a existência e o funcionamento dos mencionados fundos", disse a ministra em resposta a questionamento do deputado no dia 16 de dezembro.
Os fundos têm por finalidade financiar projetos que atuam na garantia da promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente e "financiar os programas e as ações relativas ao idoso com vistas em assegurar os seus direitos sociais e criar condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade".
Nos dois casos as verbas são administradas por conselhos compostos, em parte, por representantes da sociedade civil.
Em resposta ao Estado de S. Paulo, o Ministério da Mulher informou que "os dois fundos somam R$ 15 milhões no orçamento geral da pasta e estão sujeitos a contingenciamentos que possam ocorrer. Por serem voltados a iniciativas da sociedade civil, as políticas desenvolvidas não dependem desses fundos".

Paternidade

Quatro ministérios se recusaram a responder aos questionamentos feitos por Valente (Casa Civil, Economia, Saúde e Secretaria Geral). Eles argumentam que as propostas de emenda à Constituição são iniciativa do Legislativo e portanto as pastas não tem obrigação de fazer comentários sobre elas. A assessoria da presidência do Senado, no entanto, diz que a PEC é de autoria do Executivo e foram protocoladas formalmente por senadores devido apenas a uma manobra política. Se fossem apresentadas pelo governo, as PECs teriam que necessariamente tramitar primeiro na Câmara, onde há mais resistência às propostas.
O ministério da Casa Civil informou que a PEC é responsabilidade da pasta da Economia. Procurado, o ministério de Guedes não respondeu à reportagem. 
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