O projeto do deputado estadual Luiz Marenco (PDT) - que declara o Mercado Público de Porto Alegre patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul - inspirou os parlamentares cotados para disputar a prefeitura da Capital em 2020 a discursarem na sessão dessa terça-feira (24) da Assembleia Legislativa. Seis deputados cogitados ao Paço Municipal se pronunciaram sobre a proposta, aprovada por unanimidade, com 48 votos.
"O Mercado Público, que vai fazer 150 anos, é um fator de identidade dos porto-alegrenses. A modernidade vai acontecer. Mas não podemos esquecer nossa história, nossa tradição. É isso que quis preservar com este projeto", explicou Marenco - sem entrar em polêmicas quanto à gestão do espaço, que pode ser concedido à iniciativa privada por 25 anos.
Autor do projeto, Marenco comemorou com permissionários a aprovação do texto. Foto: ALRS/Divulgação
Notícias sobre política no RS são importantes para você?
Por outro lado, os parlamentares que discursaram diante de uma plateia composta por permissionários do mercado não se furtaram do debate. Todos eles iniciaram suas carreiras políticas como vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Luciana Genro (PSOL), Sebastião Melo (MDB), Juliana Brizola (PDT), Sofia Cavedon (PT) e Thiago Duarte (DEM) criticaram a proposta do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que pretende conceder à iniciativa privada a gestão do Mercado Público.
"A prefeitura de Porto Alegre se tornou uma fábrica de crise. Não se resolve a incompetência e a falta de gestão (do governo municipal) com desrespeito e falta de diálogo (com os permissionários). Isso vale para o Mercado Público", criticou Thiago Duarte, se referindo aos atritos entre os permissionários e a prefeitura. Duarte foi presidente da Câmara Municipal em 2013, quando aconteceu o último incêndio no Mercado Público.
Luciana disse que defendeu os aspectos culturais e religiosos do Mercado: "não podemos permitir que o Mercado se torne um lugar unicamente comercial e perca a sua história e tradição".
Sofia acusou Marchezan de sucatear o espaço público: "Marchezan tem abandonado o Mercado, apesar dos esforços do governo federal, que já disponibilizaram R$ 19 milhões desde o incêndio de 2013. O segundo andar (fechado desde o incêndio) já poderia ter sido aberto, se tivesse vontade política".
Melo defendeu que a gestão do espaço deve ser concedida aos permissionários. Marenco citou que a intenção é de blindar o local de uma possível privatização, que o deputado atribui a uma "articulada da prefeitura de Porto Alegre, que poderia alterar as características e alma do prédio". Hoje mercado emprega mais de 1,2 mil trabalhadores, informa Marenco.
A Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc) - que, em grande medida, viabilizou a reabertura do local depois do incêndio de 2013 - reivindica a administração do espaço.
Any Ortiz (Cidadania) destoou do tom dos discursos anteriores. "O que falta no nosso mercado é mais atenção, carinho e investimentos. Ao contrário de alguns deputados que subiram aqui, não criminalizo o lucro. Desejo aos permissionários que tenham cada vez mais lucro".
Juliana destacou a importância do Mercado Público para a cidade e convidou todos a participarem, no dia 3 de outubro, às 10h, de uma audiência pública em frente ao Mercado Público para discutir o futuro do local.