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Mostra com charges criticando Bolsonaro reabre e pode ser replicada na França
A exposição Independência em Risco retornou nesta segunda-feira à Câmara de Porto Alegre
MARIANA CARLESSO/JC
Vitor Laitano
Aberta em 2 de setembro e fechada menos de 24 horas depois, a exposição Independência em Risco retornou nesta segunda-feira (16) à Câmara de Porto Alegre. A visitação registrou grande fluxo de visitantes.
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Aberta em 2 de setembro e fechada menos de 24 horas depois, a exposição Independência em Risco retornou nesta segunda-feira (16) à Câmara de Porto Alegre. A visitação registrou grande fluxo de visitantes.
Tema de polêmica por incluir imagens que traziam críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), a mostra foi fechada por decisão da presidente da Câmara, vereadora Monica Leal (PP), a pedido do vereador Valter Nagelstein (MDB), mas voltou à Casa após liminar judicial emitida na semana passada ordenar a "reabertura imediata".
Para o fundador da escola Universo Expandido e cartunista Cristiano Ribeiro, e um dos artistas participantes, a decisão de encerrar o evento ajudou a chamar ainda mais a atenção para a mostra. "A exposição era na Câmara de Vereadores e provavelmente teria poucos visitantes. Agora estamos na França", comemora o artista.
Com a repercussão nacional e até internacional, o grupo Grafar (Grafistas Associados do Rio Grande do Sul) foi convidado a apresentar os trabalhos no país europeu, com reproduções das mesmas imagens exibidas na Capital gaúcha.
A visibilidade gerada pela polêmica ainda deve ampliar a agenda dos cartunistas em Porto Alegre. Além da reabertura na Câmara, a Independência em Risco chega nesta terça-feira (17) ao Clube de Cultura (rua Ramiro Barcelos, 1853), em Porto Alegre.
> Veja os cartuns da mostra que foi fechada em Porto Alegre
Ribeiro acredita que a suspensão da mostra na Câmara ganhou maior projeção também após outra proibição, desta vez no Rio de Janeiro, no último dia 8, quando o prefeito Marcelo Crivella mandou recolher revistas em quadrinhos na Bienal do Livro por supostamente conter "conteúdo sexual" para menores de idade.
Para o fundador da escola Universo Expandido, há hoje "outros tipos de censura, como a econômica, que todos deveriam estar atentos". Ribeiro lembra do caso da mostra Queermuseu, fechada há pouco mais de dois anos, em setembro de 2017, no então Santander Cultural - hoje Farol Santander, em Porto Alegre. "As pessoas começaram a falar que iriam fechar suas contas no banco, e o banco fechou a exposição”, defende.
O Observatório de Censura à Arte, projeto que uniu o Nonada - uma plataforma digital de jornalismo cultural -, e a Riobaldo Conteúdo Cultural, vem mapeando os casos de censura às expressões artísticas no Brasil desde o Queermuseu. Até agora, foram registrados 29 episódios de censura desde o fechamento da primeira exposição queer do Brasil. São Paulo e Rio Grande do Sul lideram o levantamento, com cinco casos cada; em segundo lugar estão Rio de Janeiro e Minas Gerais, com três casos cada.