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Política

- Publicada em 03 de Setembro de 2019 às 15:57

Vereadores ordenam retirada de exposição da Câmara e são acusados de censura

Mostra trazia visão crítica à conjuntura atual e utilizava o humor para retratar a Independência

Mostra trazia visão crítica à conjuntura atual e utilizava o humor para retratar a Independência


FOTOS Gabinete Marcelo Sgarbossa/Reprodução/JC
Diego Nuñez
Menos de 24 horas depois de ser inaugurada, a exposição Independência e Risco foi fechada e retirada da entrada do plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com uma visão crítica à conjuntura atual e utilizando o humor para retratar a Independência do Brasil, a mostra havia sido aberta na noite desta segunda-feira (2) e trazia cartuns que ofenderiam o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
Menos de 24 horas depois de ser inaugurada, a exposição Independência e Risco foi fechada e retirada da entrada do plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com uma visão crítica à conjuntura atual e utilizando o humor para retratar a Independência do Brasil, a mostra havia sido aberta na noite desta segunda-feira (2) e trazia cartuns que ofenderiam o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
“Para a nossa surpresa, informaram que a vereadora Monica Leal (PP), atendendo pedido de Valter Nagelstein (MDB), retira a exposição, em um ato nitidamente de censura. É preocupante” denuncia o cartunista Celso Augusto Schröder, diretor de relações internacionais da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e autor de uma das 36 obras.

> VÍDEOS JC: Veja as 42 charges e cartuns da mostra proibida

Monica, a presidente da Câmara em 2019, disse que “os cartunistas podem acusar a Câmara de censura. A exposição é ofensiva e não tem cabimento. Não foi dessa forma que vereador Marcelo (Sgarbossa) solicitou. Veio uma charge não ofensiva como amostra”.
Em sua conta oficial no Twitter, Nagelstein disse que a “exposição promovida pelo PT é uma ofensa ao presidente do Brasil, que gostem eles ou não foi eleito pela vontade soberana do povo. É um acinte e um crime. Na sede do PT ficaria bem!”.
A exposição foi apoiada pelo vereador Marcelo Sgarbossa, líder da bancada do PT no Legislativo. Ele disse que a retirada de exposição, que quinzenalmente decoram a casa do povo porto-alegrense, “não costuma acontecer. Foi tudo autorizado, com processo, não tem nada de ilegal. Parte das charges critica o governo Bolsonaro, assim como são feitas charges do Lula. É natural isso”.
A mostra foi conduzida pelos Grafistas Associados do Rio Grande do Sul (Grafar), uma organização que existe desde a décadas de 80 e, segundo Schröder, “uma das poucas oriundas d’O Pasquim que se mantém no país”. O Pasquim foi um semanário alternativo brasileiro que se utilizou do humor para combater a Ditadura Militar, vigente durante sua circulação.
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Mostra havia sido aberta na segunda-feira e trazia cartuns que ofenderiam o presidente 
O cartunista lembra que “desde a ditadura, o humor gráfico foi uma das formas de resistência. É uma das formas de cultura brasileira. O cartum foi onde conseguimos resistir. Uma trincheira importante da resistência democrática”. Schörder ainda justificou: "montamos a exposição com nosso dinheiro (dos cartunistas). Nenhum dinheiro público envolvido, nenhum investimento".
Em um vídeo de quase 10 minutos publicado em sua conta no Facebook, Nagelstein continua suas críticas externadas na outra rede social. Ele disse que “o PT não sabe o que é democracia”, e, para ele, “se isso estivesse em qualquer lugar da sede do PT, ok, tem todo o direito. Mas nós estamos tratando do mandatário do país e estamos num prédio público, que é o Parlamento da cidade. Não pode esse tipo de manifestação”.
Dentre as charges, há uma em que Bolsonaro aparece lambendo os sapatos do presidente dos Estados Unidos Donald Trump (Tweet acima), uma em que mostra a cadeira presidencial vazia com um penico embaixo, outra em que retrata Bolsonaro como a personificação do diabo católico e ainda uma em que Trump defeca em uma placa onde diz "Embaixada do Brasil".
A medida provocou reação. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) divulgaram nota repudiando a proibição. Um ato "contra a Censura e pela Liberdade de Expressão" foi chamado pelo Facebook para esta quinta-feira (5) em frente à Câmara, entre 12h30min e 15h30min.
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