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Política

- Publicada em 21 de Março de 2019 às 01:00

Audiência debate mudança na carreira dos servidores

Funcionários públicos de Porto Alegre lotaram as galerias do plenário do Poder Legislativo municipal

Funcionários públicos de Porto Alegre lotaram as galerias do plenário do Poder Legislativo municipal


/TONICO ALVARES/CMPA/JC
Bruna Suptitz
Com as galerias do plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre lotadas por servidores, foi realizada na noite desta quinta-feira a audiência pública para debater os projetos que alteram a carreira do funcionalismo, proposto pelo Executivo. A audiência foi solicitada pelo Sindicato dos Municipários (Simpa), com base no regimento do Legislativo, e assegurada por decisão judicial. Em mais de duas horas, servidores, vereadores, deputados e pessoas da comunidade se revezaram na tribuna para apresentar dados financeiros para desconstruir os argumentos do governo para a proposta. Por parte do Executivo, apenas um representante utilizou a tribuna.
Com as galerias do plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre lotadas por servidores, foi realizada na noite desta quinta-feira a audiência pública para debater os projetos que alteram a carreira do funcionalismo, proposto pelo Executivo. A audiência foi solicitada pelo Sindicato dos Municipários (Simpa), com base no regimento do Legislativo, e assegurada por decisão judicial. Em mais de duas horas, servidores, vereadores, deputados e pessoas da comunidade se revezaram na tribuna para apresentar dados financeiros para desconstruir os argumentos do governo para a proposta. Por parte do Executivo, apenas um representante utilizou a tribuna.
A primeira manifestação da noite foi do diretor-presidente do Simpa, Alberto Terres, que criticou o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) por "não dialogar com os servidores" sobre os projetos, os quais classifica como "ataques". "Quando fizemos o concurso, optamos por servir a cidade e planejamos nossas vidas baseados nesse desejo". Na segunda-feira, quando o projeto entra na pauta de votação dos vereadores, os municipários entram em greve - antecipada em um dia em relação ao previsto anteriormente.
Convidada pelo Simpa, a economista Anelise Manganelli, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), alegou que o comprometimento do município no gasto com pessoal é de 43,03% da Receita Corrente Líquida (RCL), de acordo com auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) indica que esse comprometimento não pode ser superior a 60% da RCL.
O dado é contestado pelo governo. O secretário adjunto de Planejamento e Gestão, Daniel Rigon, alegou que o gasto com pessoal já atinge 60% da RC), valor atestado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). "É a STN que libera financiamentos, não o TCE", sustentou. Rigon teve dificuldade em falar e, sob vaias, gritos de "fora Marchezan" e "retira" (o projeto), indicou que a proposta está respaldada nas outras duas esferas do serviço público. "Fomos atrás de como funciona na União e no Estado", justificou.
Caso aprovado como está, a prefeitura alega que irá economizar R$ 100 milhões em cinco anos. A reforma na carreira e no estatuto dos servidores municipais revisa o que o prefeito Marchezan já havia apresentado ao Legislativo no ano passado e estão classificadas entre as principais e mais polêmicas em tramitação, alterando principalmente a fórmula salarial, revendo gratificações e adicionais.
Uma das falas de maior repercussão foi de Marcelo Mathias, representante do Sindicato Médico do Estado (Simers). Alegando que esta é a categoria que mais pede demissão no município, falou sobre uma possibilidade jurídica que garante aos médicos aposentadoria especial com 25 anos de serviço. Caso a proposta do governo seja aprovada, afirmou que o Simers "criará uma estrutura especial para que todos os médicos municipários com 25 anos (de serviço) peçam demissão. Essas medidas não vão resolver a saúde", alegou. Já o presidente da Associação Municipal dos Procuradores, Cézar Sulzbach, sustentou que a proposta pode resultar em ações que paralisariam juridicamente a prefeitura.
Dentre as mudanças estão as gratificações trienais de 5%, que passam para quinquênios de 3%. Também são extintos os adicionais por tempo de serviço para futuros municipários (atualmente pagos com 15, 25 e 35 anos de trabalho). É definida uma regra de transição para os atuais servidores. Outra alteração é nas Funções Gratificadas (FGs), que passa a ser incorporada equivalente ao tempo em que a função é exercida. A progressividade dos regimes para dedicação exclusiva, complementar, de tempo integral ou suplementar também é extinta.
Diferente de outras ocasiões, em que o espaço era dividido entre os contrários e favoráveis à pauta em debate - o que resultou, muitas vezes, em ficar com metade do espaço vazio -, foi permitida a entrada de interessados até o limite da capacidade da galeira - cerca de 250 pessoas. A audiência também foi transmitida por telão no Plenário Ana Terra, que comporta outros cerca de 120 lugares, e na área externa da Câmara, para contemplar o público que não conseguiu ingressar. Conforme cadeiras ficaram vagas no plenário, a presidente da Câmara, Mônica Leal (PP) autorizou a entrada de pessoas que haviam ficado de fora.
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