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Política

- Publicada em 28 de Fevereiro de 2019 às 23:22

João Goulart completaria 100 anos nesta sexta-feira

João Goulart foi único presidente do Brasil que morreu no exílio

João Goulart foi único presidente do Brasil que morreu no exílio


/ARQUIVO EBN/DIVULGAÇÃO/JC
Marcus Meneghetti
Hoje, a Estância de Yguariaçá fica no município de Itacurubi, no Rio Grande do Sul. Mas, em 1 de março de 1919, quando nasceu João Belchior Marques Goulart, a região pertencia à cidade de São Borja. O são-borjense João Goulart, conhecido desde criança como Jango, se tornaria o único presidente brasileiro a morrer no exílio. Embora tenha chegado à presidência da República em 8 de setembro de 1961, não completou o mandato, pois foi deposto pelo golpe militar de 1 de abril de 1964. Jango faria 100 anos se estivesse vivo.
Hoje, a Estância de Yguariaçá fica no município de Itacurubi, no Rio Grande do Sul. Mas, em 1 de março de 1919, quando nasceu João Belchior Marques Goulart, a região pertencia à cidade de São Borja. O são-borjense João Goulart, conhecido desde criança como Jango, se tornaria o único presidente brasileiro a morrer no exílio. Embora tenha chegado à presidência da República em 8 de setembro de 1961, não completou o mandato, pois foi deposto pelo golpe militar de 1 de abril de 1964. Jango faria 100 anos se estivesse vivo.
A carreira política de João Goulart começou em 1947. Quando assumiu a gerência da estância da família – depois da morte do pai, Vicente Goulart –, tornou-se amigo de Getúlio Vargas. Vargas havia voltado para São Borja em 1945, ano em que renunciou à presidência do Brasil.
Em 1947, Getúlio Vargas convenceu Jango a concorrer a deputado estadual pelo PTB. Foi eleito com 4.150 votos, se tornando o quinto candidato mais votado, à frente de seu cunhado Leonel Brizola, outra estrela petebista em ascensão. Em 1950, além de trabalhar na campanha que elegeu Getúlio Vargas para a presidência do País outra vez, Jango foi eleito para a Câmara dos Deputados com quase 40 mil votos.
Em 1951, licenciou-se do mandato de deputado federal para ser Secretário de Estado de Interior e Justiça, na gestão do ex-governador do Rio Grande do Sul e primo de Vargas, Ernesto Dorneles (1951-1955). Dois anos depois, foi chamado pelo presidente para assumir o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
Ao longo da trajetória política, Jango tinha se aproximado de vários sindicatos. Sua relação com as entidades que representavam os trabalhadores foi decisiva para sua nomeação ao Ministério do Trabalho. De certa forma, apaziguou a relação do governo de Vargas com os trabalhadores, que vinham fazendo greves sistemáticas.
“O Jango se fortaleceu ao abrir a porta do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e a todos os trabalhadores e sindicatos. Aliás, ele também criou o sindicalismo rural. E, mais do que isso, fortaleceu os sindicatos através do Comando-Geral dos Trabalhadores (CGT)”, comentou o filho de Jango e presidente do Instituto João Goulart, João Vicente Goulart (PPL).
Ao ser sistematicamente atacado pelos adversários políticos de Getúlio Vargas – especialmente os membros da UDN –, Jango acabou pedindo demissão do cargo em 23 de fevereiro de 1954. Mas, antes, concedeu um aumento de 100% no salário-mínimo.
“Quando a proposta de reajuste de 100% do salário-mínimo inviabilizou sua permanência no ministério, ele entregou a carta de renúncia ao Getúlio, mas insistiu com o presidente que os trabalhadores precisavam daquele aumento. Quando ele concorreu a vice, em 1955, acabou fazendo mais votos que o próprio presidente eleito Juscelino Kubitschek (PDS)”, relembrou João Vicente.
Em 1960, elegeu-se vice do presidente Jânio Quadros (PDC). Com a renúncia do presidente em 25 de agosto de 1961, Jango assume o comando do País – superando a tentativa impetrada por militares de impedi-lo de ocupar o cargo. A posse foi garantida pelo Movimento da Legalidade, liderado pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (na época, PTB), que organizou uma resistência armada.
Contudo, o golpe que foi evitado em 1961, não pôde ser contido em 1964. João Vicente Goulart tinha oito anos em 31 de abril de 1964, véspera do golpe militar. Estava com a sua mãe, dona Maria Teresa Goulart, e a irmã, Denise, na Granja do Torto.
Naquele dia, o então ministro da Educação, Darcy Ribeiro (PTB, 1962-1963), entrou na residência oficial do Torto e cochichou à primeira-dama: pediu que ela fosse, com os filhos, para Porto Alegre. Lá, encontraria o presidente João Goulart, que avaliava a possibilidade de resistir ao iminente golpe de Estado, como havia acontecido em agosto de 1961.
“Dois dias depois, estávamos no Uruguai. Jango chegou no dia 4 de abril. Ele permaneceu no território brasileiro durante todo o curso do golpe, tentando revertê-lo. Não optou pela luta armada para evitar uma guerra civil, um derramamento de sangue. Ficou no Brasil até que fosse ilegalmente empossado como presidente da República interino (o presidente da Câmara dos Deputados Paschoal) Ranieri Mazzilli”, relembrou João Vicente.
Jango morreu no exílio, no Uruguai, em 6 de dezembro de 1976. Oficialmente, a causa mortis foi registrada como ataque cardíaco. Mas, conforme João Vicente, a investigação ainda não acabou, pois há outras diligências a serem feitas e documentos sigilosos do serviço secreto norte-americano que devem se tornar públicos depois de 50 anos da morte do ex-presidente - portanto, daqui a oito anos.
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