O ministro da Justiça, Sérgio Moro, apresentou ontem à noite ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) o resultado do segundo inquérito aberto pela Polícia Federal (PF) sobre o atentado cometido contra ele por Adélio Bispo de Oliveira. Até duas semanas atrás, quando a investigação se encaminhava para o fim, a Polícia Federal não havia encontrado indícios do envolvimento de terceiros no atentado contra o presidente. Adélio esfaqueou Bolsonaro durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018.
Segundo uma autoridade que conhece o caso de perto, a PF vasculhou a vida de Adélio desde o seu nascimento. Foram analisadas viagens, movimentação financeira, relacionamentos pessoais, militância política e ativismo em redes sociais. Mesmo assim, a tendência do segundo inquérito era confirmar a hipótese levantada na primeira investigação: Adélio agiu como um lobo solitário, sem qualquer estímulo de terceiros.
No primeiro inquérito, encerrado em setembro, a PF apontou apenas Adélio como autor do atentado contra Bolsonaro. Mas, diante da forte pressão do presidente, de familiares e de colegas de partido, a polícia entendeu que seria necessário esticar a apuração por mais alguns meses para não deixar qualquer margem a dúvidas.
Moro fez o relato ao presidente sobre o caso numa reunião que teve também a participação do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e com delegados que atuaram diretamente no caso. Numa entrevista, na saída de um seminário no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Moro disse que o inquérito ainda não terminou. "É uma investigação ainda em andamento. O presidente é a vítima. Então, é interessado na investigação. Vai ser apresentado a ele o resultado da investigação até o momento", disse Moro.
O caso deve ser formalmente encerrado no próximo mês. Numa tentativa de esclarecer todos os pontos obscuros ou aparentemente duvidosos, a PF chegou até mesmo a investigar a contratação dos advogados responsáveis pela defesa de Adélio na fase inicial da investigação. O Ministério da Justiça não quis confirmar se o presidente foi mesmo informado de que a PF não localizou indícios de mandantes no atentado.