O prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) participou ontem da primeira sessão da Câmara de Porto Alegre de 2019 em um gesto de aproximação do Executivo com o Legislativo. A boa relação com os vereadores será necessária para a aprovação de propostas de interesse do governo, em especial a revisão da planta de valores do Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbano (IPTU) que, de acordo com o líder do governo na Câmara, vereador Mauro Pinheiro (Rede), pode ser votada ainda em março.
"Conversamos com os vereadores mesmo durante o recesso", disse Pinheiro. Ele está confiante de que o governo conta hoje com os 19 votos necessários para aprovar a matéria e sustenta que a proposta seja apreciada logo no início do ano. O secretário municipal da Fazenda, Leonardo Busatto, que também estava na sessão de ontem, confiou a Pinheiro saber "o melhor momento" para colocar o tema em pauta no plenário e concorda que o prazo não se estenda. "A ideia é que só se coloque em votação com garantia boa de aprovação", indicou.
O projeto, que segundo Marchezan e Busatto mantém a mesma base, foi reapresentado pelo Executivo e aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Assim que liberado para apreciação, o governo deve pedir tramitação em regime de urgência.
Em seu discurso de saudação pelo início do ano Legislativo, Marchezan enalteceu a atuação dos vereadores na relação com a cidade ao citar que "os desafios de Porto Alegre são gigantescos e vocês conhecem no dia a dia, alguns até com mais profundidade que eu", completando que a contribuição dos parlamentares na solução de problemas "será bem-vinda". Marchezan já havia participado da cerimônia de posse da presidente da Casa para este ano, a vereadora Mônica Leal (PP).
O prefeito projetou o terceiro ano de mandato como sendo de "grandes oportunidades, mais produtivo" e no qual se pode "construir mais que em qualquer outro ano". Para sustentar esse argumento, disse que o primeiro ano foi de "conhecimento mútuo" entre ele e os parlamentares, enquanto o segundo, por ser eleitoral, mudou o ritmo de trabalho, o mesmo que acontecerá em 2020.
A leitura do vereador Cassiá Carpes, líder da bancada do PP, é de que o discurso do prefeito está diferente dos dois primeiros anos de mandato e demonstra uma mudança de postura diante do Legislativo. "(A gestão Marchezan) vai para o seu penúltimo ano. Se não dialogar com o parlamento agora, não será no próximo", avalia. Na tribuna, o vereador citou levantamento feito pelo Jornal do Comércio de como cada vereador votou matérias do Executivo em 2018 - com 80% de aprovação das proposições do prefeito - para argumentar que não há uma oposição generalizada ao governo na Câmara, como chegou a ser sugerido por Marchezan em outras ocasiões.