As centrais sindicais entregaram ao governo gaúcho ontem a proposta de reajuste e novos valores para as faixas do salário mínimo regional. A proposta prevê reajuste de 8,43% no piso, cuja faixa mais baixa passaria de R$ 1.196,47, em vigor em 2018, para R$ 1.297,33. O valor subiria R$ 100,00. Os sindicalistas abriram a negociação em encontro com o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP), no Palácio Piratini, em Porto Alegre.
Em 2018, o reajuste ficou em 1,81%, o mesmo concedido ao salário mínimo nacional. Para 2019, o mínimo nacional teve correção de 4,61%, passando de R$ 954,00 para R$ 998,00. A proposta das entidades contempla o mesmo índice do piso nacional, de 4,61%, mais 3,65%, que busca recompor parte da meta de que o piso regional fique 30% acima do mínimo nacional, explica o coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Estado, Ricardo Franzói.
Desde que o piso gaúcho passou a ser adotado, em 2001, a diferença ocorreu em 2002, 2003 e 2004. "A equiparação é importante para o emprego doméstico e no interior, para segmentos como assalariados rurais, que sofrem com valores mais baixos em relação a outras categorias", reforça o coordenador do Dieese. Assinaram o documento levado à Casa Civil a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e União Geral de Trabalhadores (UGT).
As entidades reivindicam que o piso regional seja incluído na Constituição Estadual, com regra de reajuste levando em conta o crescimento da economia nacional e regional mais a inflação. O piso nacional, por exemplo, segue a inflação pelo INPC mais o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes - para 2019 valeu o de 2017. Ms em abril o presidente Jair Bolsonaro terá de confirmar ou não esta regra em projeto a ser enviado ao Congresso Nacional.
Hoje são cinco faixas do mínimo regional. A data-base do reajuste é 1 de fevereiro. Mesmo que o novo piso, cuja proposta é enviada pelo governador na forma de Projeto de Lei (PL) à Assembleia Legislativa, seja aprovado mais à frente, o pagamento a quem tem carteira assinada é retroativo a fevereiro. Em 2018, a AL aprovou o piso em 27 de março. "Pedimos ao Vivian que não demorasse muito", indicou o economisat do Dieese.
O governador Eduardo Leite (PSDB) evitou comentar o índice antes de conhecer a proposta. "Não vou adiantar nada em respeito à reunião. Posso dizer que vou analisar com muita razoabilidade (a proposta), levando em conta as condições de crescimento econômico, a tímida recuperação da economia brasileira, o que certamente dificulta aumento real nesses pisos", adiantou Leite. "Respeito a legítima aspiração de quem quer receber mais, mas vou examinar à luz da condição econômica do Estado e do País", reforçou o governador.
Vivian disse que o governo vai atuar como "facilitador", antevendo o ambiente de divergências e diferenças entre sindicatos de trabalhadores e patronais sobre o tema e índices. Entidades empresariais como Fiergs, Federasul e Fecomércio são contrárias ao piso regional. O chefe da Casa Civil afirmou que a ideia é buscar consenso ou "chegar o mais próximo disso para remeter o PL à Assembleia".
Salário Mínimo Nacional X Salário Mínimo Regional (RS)
Ano |
Mínimo Nacional |
Reajuste (%) |
Mínimo Regional (1ª faixa) |
Reajuste (%) |
2001 |
R$ 180,00 |
- |
R$ 230,00 |
- |
2002 |
R$ 200,00 |
11,11 |
R$ 260,00 |
13,04 |
2003 |
R$ 240,00 |
20,00 |
R$ 312,00 |
20,00 |
2004 |
R$ 260,00 |
8,33 |
R$ 338,00 |
8,33 |
2005 |
R$ 300,00 |
15,38 |
R$ 374,67 |
10,85 |
2006 |
R$ 350,00 |
16,67 |
R$ 405,95 |
8,35 |
2007 |
R$ 380,00 |
8,57 |
R$ 430,23 |
5,98 |
2008 |
R$ 415,00 |
9,21 |
R$ 477,40 |
10,96 |
2009 |
R$ 465,00 |
12,5 |
R$ 511,29 |
7,10 |
2010 |
R$ 510,00 |
9,68 |
R$ 546,57 |
6,90 |
2011 |
R$ 545,00 |
6,86 |
R$ 610,00 |
11,60 |
2012 |
R$ 622,00 |
14,13 |
R$ 700,00 |
14,75 |
2013 |
R$ 678,00 |
9,00 |
R$ 770,00 |
10,00 |
2014 |
R$ 724,00 |
6,78 |
R$ 868,00 |
12,73 |
2015 |
R$ 788,00 |
8,84 |
R$ 1.006,88 |
16,00 |
2016 |
R$ 880,00 |
11,68 |
R$ 1.103,66 |
9,61 |
2017 |
R$ 937,00 |
6,48 |
R$ 1.175,15 |
6,48 |
2018 |
R$ 954,00 |
1,81 |
R$ 1.196,47 |
1,81 |
2019 |
R$ 998,00 |
4,61 |
R$ 1.297,33* |
8,43** |
* Valor com reajuste proposto pelas centrais sindicais
** Percentual de reajuste proposto pelas centrais sindicais
Fonte: Dieese