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Memória

- Publicada em 06 de Dezembro de 2018 às 01:00

Tarciso Flecha Negra morre aos 67 anos

Corpo de Tarciso foi velado no plenário da Câmara de Porto Alegre com a presença de torncedores e colegas que homenagearam

Corpo de Tarciso foi velado no plenário da Câmara de Porto Alegre com a presença de torncedores e colegas que homenagearam


LEONARDO CONTURSI/CMPA/JC
Os corredores da Câmara Municipal de Porto Alegre não ecoavam discursos parlamentares inflamados, como costumeiramente acontece nas quartas-feiras. Pelo contrário: pairava o silêncio no Plenário Otávio Rocha, onde era velado o corpo de José Tarciso de Souza, o vereador Tarciso Flecha Negra (PSD), ex-jogador multicampeão com o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e legislador em seu terceiro mandato na Capital, que faleceu na madrugada de quarta-feira, aos 67 anos, vítima de um tumor ósseo.
Os corredores da Câmara Municipal de Porto Alegre não ecoavam discursos parlamentares inflamados, como costumeiramente acontece nas quartas-feiras. Pelo contrário: pairava o silêncio no Plenário Otávio Rocha, onde era velado o corpo de José Tarciso de Souza, o vereador Tarciso Flecha Negra (PSD), ex-jogador multicampeão com o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e legislador em seu terceiro mandato na Capital, que faleceu na madrugada de quarta-feira, aos 67 anos, vítima de um tumor ósseo.
A morte de Tarciso surpreendeu até mesmo pessoas próximas. "Há 15 dias, ele estava sentado conosco. A gente notava que ele estava mais magro, mas me disse que era um problema com diabetes", relatou o vereador Reginaldo Pujol (DEM). Eleito pela primeira vez em 1972, Pujol teve uma aproximação natural com Tarciso - os dois se alternaram, nos últimos anos, na presidência e vice da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece), que atualmente era liderada por Tarciso.
"Nós, da política, temos um certo preconceito com jornalistas, jogadores de futebol que, de repente, fazem uma enorme votação e tomam lugar de excelentes parlamentares. Quando o Tarciso chegou aqui, foi assim. Mas ele foi muito eficiente, soube ser humilde, aprender aos poucos e acabou fazendo um belo trabalho, sempre coerente na sua visão de proteger a juventude", comentou Pujol, que na chegada de Tarciso ao Grêmio, já era conselheiro do clube.
O esporte como uma oportunidade de futuro para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social e uma pessoa de bom coração foram as principais características destacadas pelos companheiros de plenário. Colega no Grêmio, na Câmara e na Comissão de Educação, Cassiá Carpes (PP), muito emocionado, elogiou um "trabalho social muito importante nas comunidades. Por ser negro, representava uma camada da sociedade. Pela SUA humildade, conseguia penetrar nas camadas sociais mais baixas".
Em meio às 11 coroas de flores e muitas pessoas que encheram o palco do Legislativo de preto e tricolor, estava o prefeito em exercício Gustavo Paim (PP), para quem Tarciso "sempre foi uma pessoa espetacular no trato, no relacionamento, na conversa. Sempre que tinha alguma divergência, falava com a maior tranquilidade. Uma pessoa que tu podia confiar".
A maioria dos vereadores esteve presente em algum momento da cerimônia, prestigiada por ex-jogadores do Grêmio como os campeões do mundo Mazarópi, Paulo Roberto, Carlos Miguel e Anchieta, além de figuras como o ex-prefeito José Fogaça (MDB), o secretário municipal da Fazenda, Leonardo Busatto, e o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Neveletto. Também ex-jogador e companheiro de partido do vereador, o deputado federal reeleito Danrlei de Deus (PSD) saudou a "luta para tirar criança das ruas, das drogas e dar oportunidade a elas pelo esporte. É o mesmo foco que tenho, e muito dessa visão vem de um trabalho que ele já tinha começado a fazer. O Tarciso mostrou qual o caminho que esportista devem tomar na vida pública".
Ao final da cerimônia, uma das torcidas do Grêmio, a Geral, entoou um canto tradicional para momentos de luto. Diz a melodia: "tu não os vê, tu não os toca, mas estão presentes; vários momentos inesquecíveis me vêm à mente; Por isso, Grêmio, um campeonato somente peço; Para os gremistas que lá do céu cantam comigo".
 

Segundo maior artilheiro da história do clube, Tarciso é um dos grandes ídolos gremistas

Um dos maiores ídolos da história do Grêmio, o ex-ponta Tarciso ficou conhecido pelo apelido Flecha Negra. Nascido em São Geraldo, Minas Gerais, o camisa 7 começou a carreira defendendo o América do Rio, em 1970, e chegou ao Olímpico três anos depois para se tornar o jogador que mais vestiu a camisa tricolor: foram 721 jogos, com 226 gols marcados. Trata-se do segundo maior goleador da história do clube, atrás apenas de Alcindo, o Bugre.
De 1973 a 1986, Tarciso conquistou o Mundial Interclubes e a Copa Libertadores de 1983, o Campeonato Brasileiro de 1981 e os Estaduais de 1977, 1979, 1980, 1985 e 1986. Disputou oito jogos pela seleção brasileira, marcando um gol. Após deixar os gramados, abriu uma escolinha de futebol onde desempenhava diversos trabalhos sociais. No início dos anos 2000 entrou na carreira política.
"É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de um dos maiores ícones da história de nosso clube: Tarciso Flecha Negra, campeão mundial e atleta que mais vestiu nossa camisa nos deixou nesta madrugada. Descanse em paz, Flecha Negra. Teu nome, tua garra e alegria jamais serão esquecidos. Desejamos aos familiares, amigos e torcedores muita força neste momento", se pronunciou, em nota, a direção gremista.
Tradicional rival do Grêmio, o Inter também lamentou a morte do ex-atleta. "O Inter manifesta seu pesar pelo falecimento do ex-jogador do Grêmio e vereador de Porto Alegre Tarciso Flecha Negra. O Clube se solidariza com familiares e amigos neste momento de despedida", disse o clube em seu perfil no Twitter.
Após deixar o Tricolor, Tarciso jogou no Goiás (1986), foi para o Paraguai, defender o Cerro Porteño (1987/1988), voltou ao Brasil, onde jogou no Coritiba (1989), Goiás e São José-RS (1990).