Um grupo de empresários do agronegócio fez uma visita ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na manhã de ontem, em sua residência na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, o grupo tem cerca de 40 pessoas e representa produtores de vários segmentos da agricultura e da pecuária de "praticamente todos os estados". Após o encontro, eles admitiram rever proposta de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, e também a possível saída do país do Acordo de Paris.
Antes do encontro, Garcia afirmou que o grupo veio reiterar seu apoio a Bolsonaro e reforçar "algumas demandas importantes", como o direito à propriedade para produtores rurais, e que o Bndes não atenda "só os amigos do rei".
O presidente da UDR desconversou sobre sua eventual indicação para Ministro da Agricultura - durante a campanha, seu nome chegou a ser cotado para a pasta. Segundo ele, sua visita a Bolsonaro não se deve por "ambições pessoais". Apesar disso, o presidente da UDR chegou a dizer que via com bons olhos uma possível fusão entre as pastas, e afirmou que um processo semelhante deve ocorrer entre outros ministérios.
Após a visita, que durou cerca de uma hora, o presidente da UDR, no entanto, admitiu que poderia rever a ideia de fundir a pasta ao Ministério do Meio Ambiente, que havia sido apresentada a Bolsonaro pelo próprio Nabhan. Ele, inclusive, chegou a defendê-la ao falar com jornalistas na chegada à casa do presidenciável. Após o encontro, no entanto, ele parece ter revisto seu ponto de vista. Perguntado se o discurso não era uma mudança de posição, Nabhan mostrou incômodo. "Ninguém pode ter um governo duro, autoritário, sem flexibilidade, com arrogância. Se for o melhor para o Brasil, depois de eleito todos vão sentar e ele vai ouvir toda a sociedade. É inevitável a fusão de várias pastas. Porém, estamos ouvindo a todos. Se tiver que haver flexibilização, haverá", declarou.
Em entrevistas recentes, Nabhan Garcia se disse favorável à manutenção do Código Florestal aprovado neste ano - que prevê, por exemplo, a preservação de 80% da floresta na Amazônia pelos proprietários rurais. O presidente da UDR afirmou, por outro lado, que é preciso rever alguns pontos do Acordo de Paris, aprovado pela comunidade internacional em 2015 e que visa à redução das emissões de carbono. No ano passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada do país do Acordo de Paris.