Os principais partidos políticos já definiram, no Rio Grande do Sul, quem irão apoiar no segundo turno da disputa presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Apesar de muitas legendas terem liberado filiados no plano nacional, os diretórios regionais optaram por se posicionar, o que pode ser decisivo no resultado do segundo turno.
Nacionalmente, a coligação de Haddad tem apenas três partidos (PT, PCdoB e Pros), enquanto a de Bolsonaro tem dois (PSL e PRTB). Mas ambos devem ampliar sua coalizão, especialmente o candidato do PSL.
No Estado, Bolsonaro larga na frente, com uma vantagem ainda maior do que a do cenário nacional. No primeiro turno, o candidato do PSL venceu a disputa no Rio Grande do Sul com 52,63% dos votos válidos. E, agora, já garantiu o apoio dos candidatos que estão no segundo turno do Piratini: o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) e o governador José Ivo Sartori (MDB).
Partido com o maior número de prefeitos gaúchos, o PP, que declarou isenção no segundo turno nacional, manteve a tendência mais conservadora no Rio Grande do Sul e garantiu apoio a Bolsonaro no segundo turno. Ainda no primeiro turno, parte da sigla já havia aderido abertamente ao candidato, mesmo tendo a senadora Ana Amélia Lemos como candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), caso do senador eleito Luis Carlos Heinze. O fenômeno não foi só gaúcho, pois o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, apoiou Haddad publicamente em um ato no Piauí. À época, Ana Amélia minimizou os apoios.
De acordo com o deputado federal Carlos Gomes, presidente do PRB gaúcho, a decisão de apoiar Bolsonaro em conjunto com a coligação de Leite foi feita porque as legendas acreditam que o candidato do PSL, mesmo com "todos os defeitos que possa ter, ainda é o melhor projeto pra ser votado".
Do lado de Haddad, os partidos da extrema-esquerda, que, normalmente, pregam o voto nulo ou neutralidade no segundo turno das eleições, desta vez, aderiram ao candidato do PT, mais como um posicionamento anti-Bolsonaro. O PSOL e o PSTU seguiram essa tendência de votar em Haddad.
O PDT, de Ciro Gomes, já havia anunciado um apoio crítico ao candidato do PT. A decisão deve ser seguida pelo diretório estadual, que anuncia hoje seu posicionamento sobre a disputa ao Piratini. A tendência é oficializar o apoio a Haddad com ressalvas.
Os diretórios estaduais dos chamados partidos do centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) - que estavam com Alckmin no primeiro turno e estão neutros nacionalmente neste segundo turno - já estão decidindo os apoios. O DEM gaúcho apoiava Bolsonaro desde o primeiro turno, e o deputado federal reeleito Onyx Lorenzoni foi um dos maiores cabos eleitorais e um dos coordenadores da campanha do candidato do PSL. Onyx é cotado como possível chefe da Casa Civil em um governo Bolsonaro.
Mas, mesmo entre aliados, ainda há divergências sobre a posição nacional. Isso acontece nas coligações de Sartori e Leite. O apoio do governador a Bolsonaro incomodou uma parcela do PSB, seu aliado desde a eleição passada, mas que, nacionalmente, declarou apoio a Haddad e liberou apenas os diretórios de São Paulo e do Distrito Federal, nos quais disputa o segundo turno das eleições para governador.
No Rio Grande do Sul, o movimento interno do PSB "Levanta, Rio Grande!", composto por nomes como Hermes Zaneti e o deputado Heitor Schuch, havia solicitado que o partido fosse retirado da coligação, possibilidade negada pelo presidente estadual do PSB Mario Bruck.
Na chapa de Leite, a Rede divulgou, através de seu diretório estadual, uma nota se distanciando do posicionamento da coligação, ressaltando que não está com Bolsonaro, mas reiterou apoio ao tucano. Antes do primeiro turno, o partido fundado por Marina Silva já havia se distanciado da candidatura de Heinze ao Senado por divergências ideológicas. Nacionalmente, o partido se manteve independente, mas pediu o não voto em Bolsonaro.
O Novo declarou independência nacionalmente, mas lideranças como o candidato a governador Mateus Bandeira e o deputado federal eleito Marcel van Hattem apoiam Bolsonaro. O PR ainda deve se reunir para definir sua posição em relação à eleição nacional, e o Solidariedade vai tomar decisão nesta semana.