O economista Paulo Guedes, que comanda o núcleo econômico da campanha do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, desmentiu ontem a proposta de retomar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o imposto do cheque. Ele ficou ao lado do candidato na primeira entrevista concedida após o resultado no domingo.
Guedes afirmou que estuda a proposta do seu colega Marcos Cintra de criar um imposto único. Segundo ele, a fórmula é a favor dos mais pobres, pois elimina os impostos indiretos, que são regressivos, e permite simplificar tudo em uma única alíquota.
Guedes disse ter sido mal interpretado durante palestra fechada e organizada por uma empresa de aconselhamento e gestão de fortunas familiares, em setembro, e que estava analisando duas propostas: ir para o imposto único federal, com a base no valor adicionado, ou uma outra, com base nas transações financeiras.
Segundo o economista, o estudo de Cintra prevê imposto único com alíquota de 15%, mas ele decidiu encampar a proposta com 20%. "Isso que o Jair está falando que vai ter isenção para todo mundo e depois é 20%, na proposta dele era 15%, eu é que fui conservador e disse vamos manter em 20%. O que está se falando aí, é um absurdo, é equivocado, é de gente despreparada vazando coisa que não conhece."
Também ontem, ao deixar um encontro com o núcleo da campanha Bolsonaro (PSL), o economista defendeu a reforma do estado como principal proposta de um eventual governo do capitão reformado.
"A reforma do estado é movimento natural e secular que está atrasado. Temos que acelerar as privatizações para dar continuidade à reforma do estado", disse.
Sem mencionar quais estatais sairiam da mão do governo, o economista disse que tal reforma tem como base as privatizações e a realização de reformas estruturantes, entre elas a da Previdência.
O principal fiador econômico do candidato da extrema-direita evitou dizer se vai priorizar a reforma das regras de aposentadoria no início do governo. O tema terá destaque em material que está sendo preparado pela equipe de transição do governo Michel Temer (MDB).