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Eleições 2018

- Publicada em 08 de Outubro de 2018 às 02:59

Leite e Sartori vão decidir segundo turno ao governo do Rio Grande do Sul

Eduardo Leite e José Ivo Sartori vão disputar o segundo turno da eleição para governador

Eduardo Leite e José Ivo Sartori vão disputar o segundo turno da eleição para governador


/Fotos Claiton Dorneles e Marco Quintana/JC
O tucano Eduardo Leite confirmou nas urnas o que as pesquisas já apontavam na reta final das eleições, a virada em cima do governador emedebista José Ivo Sartori. O ex-prefeito de Pelotas conquistou a preferência de 35,9% dos gaúchos e se consolidou no segundo turno contra o candidato à reeleição, que somou 31,1% dos votos válidos, na disputa pelo comando do Palácio Piratini.
O tucano Eduardo Leite confirmou nas urnas o que as pesquisas já apontavam na reta final das eleições, a virada em cima do governador emedebista José Ivo Sartori. O ex-prefeito de Pelotas conquistou a preferência de 35,9% dos gaúchos e se consolidou no segundo turno contra o candidato à reeleição, que somou 31,1% dos votos válidos, na disputa pelo comando do Palácio Piratini.
O resultado deste domingo interrompe a tradicional polarização entre PT e MDB. Pela primeira vez, desde 1990, o PT, que concorreu com o vice governador Miguel Rossetto da gestão de Olívio Dutra (1999-2002), não consegue chegar ao segundo turno da disputa, alcançando apenas 17,76% dos votos.
Com duas candidaturas de centro-direita, a expectativa é para a composição de forças do segundo turno. Sartori, que entrou no primeiro turno com a maior coligação, reunindo nove siglas (MDB, PSD, PSB, PR, PSC, Patri, PRP, PMN, PTC), tem o desafio de reverter os 286.252 votos que o distanciam de Leite, que uniu sete partidos: PSDB, PTB, PRB, PPS, PHS, Rede e PP.
Curiosamente, no entanto, pode estar nas mãos dos eleitores mais identificados com o campo de esquerda a definição de quem deve comandar o governo do Rio Grande do Sul nos próximos quatro anos. Esse deve ser o foco das candidaturas do PSDB e do MDB.
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Leite chega à frente na disputa ao segundo turno

Leite apontou gestão de Sartori como 'refém do problema fiscal'

Leite apontou gestão de Sartori como 'refém do problema fiscal'


CLAITON DORNELLES /JC
O ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) chega ao segundo turno da disputa ao Palácio Piratini à frente do atual governador José Ivo Sartori (MDB). Com 2.143.603 votos - 35,9% dos válidos -, o tucano atribui o resultado ao "sentimento da população, que não quer mais política como aí está". Em fala com a imprensa após a apuração total dos resultados, Leite - que ao lado de Sartori foi o candidato mais atacado pelos adversários nos debates e propagandas eleitorais -, afirmou: "não vamos ceder à política das agressões".
O PSDB fez parte da base de Sartori na Assembleia desde o início da gestão até o abril deste ano, quando entregou os cargos que ocupava nas secretarias estaduais. Leite reconheceu o fato, mas lembrou que em 2014 o apoio foi à campanha de Ana Amélia Lemos (PP). "O que queremos para o Estado é mais do que está sendo oferecido. O atual governo ficou refém do problema fiscal", criticou.
Na primeira fala já como um dos candidatos do segundo turno, Leite disse que vai trabalhar pela redução das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "Claro que isso não se faz num passe de mágica, mas não dá para conviver mais quatro anos com as alíquotas no atual patamar", sustentou. Ele ainda apresentou como plataformas que levará ao debate das próximas três semanas a redução da burocracia e o enfrentamento à criminalidade.
Leite também indicou que buscará apoio principalmente entre os servidores públicos. Uma das principais críticas a Sartori nos debates do primeiro turno foi sobre o pagamento parcelado do salário do funcionalismo, prática que se repete há 34 meses. A promessa do tucano é de "colocar o pagamento dos salários em dia no primeiro ano de governo".
O candidato lembrou que participou de um debate promovido pelo fórum de servidores públicos, ao qual Sartori não compareceu. "Respeito, mas entendo que o governador precisa conversar com todos, com os que concordam e com os que discordam."
Leite votou em Pelotas à tarde, após cumprir agenda de entrevistas na Capital. Esteve acompanhado do candidato a vice em sua chapa, Delegado Ranolfo (PTB), e da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), e acompanhou a apuração das urnas na casa dos pais. No município, onde foi prefeito entre 2013 e 2016, o tucano foi escolhido por 69,5 % dos eleitores.
De volta a Porto Alegre, na noite, Leite foi recepcionado por militantes na sede do comitê, na Zona Norte. Acompanharam o discurso do candidato os correligionários Nelson Marchezan Júnior, prefeito da Capital, e Jorge Pozzobom, prefeito de Santa Maria, o vice-prefeito de Porto Alegre, Gustavo Paim (PP), e Mário Bernd (PPS), um dos candidatos ao Senado que compôs a coligação.
Já Luis Carlos Heinze (PP), que ocupou a outra vaga e conquistou uma das duas cadeiras gaúchas no Senado, não participou do evento no fim do domingo. As candidaturas andavam separadas desde que Heinze declarou apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), contrariando a posição do partido, que compôs nacionalmente com Geraldo Alckmin (PSDB) tendo a Ana Amélia como candidata a vice. Leite elogiou o desempenho de Heinze e disse que ligou para parabenizá-lo pelo resultado nas urnas.

Tucano buscará apoio do presidenciável Jair Bolsonaro

À noite, após a apuração que confirmou Eduardo Leite (PSDB) na disputa em segundo turno ao Palácio Piratini, o tucano reafirmou a possibilidade dar palanque ao candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), que nacionalmente disputa o cargo com Fernando Haddad (PT). Durante o dia, havia evitado falar diretamente sobre o assunto, reiterando o apoio ao colega de partido Geraldo Alckmin, que terminou a disputa com 4,76% das intenções de voto. A justificativa de Leite para o apoio a Bolsonaro é o de oposição ao projeto adversário na disputa - no caso, o PT. "Não há hipótese de apoiarmos o PT. Respeito o Partido dos Trabalhadores e não tem um sentimento de querer exterminar. Mas temos convicção de que esse partido não pode voltar a governar o Brasil, porque tem um modelo de governo e de economia que quebrou o País."
Minimizando as diferenças de propostas que o PSDB defende quando comparadas com a plataforma de governo do candidato do PSL - Bolsonaro foi o principal alvo de Alckmin nos horários eleitorais e nos debates -, Leite afirmou que "apoiar uma candidatura não significa que abrirei mão das (minhas) convicções".
Atribuindo ao PT o "sentimento de divisão" entre a população, o tucano sustenta que apoiar Bolsonaro "não significa que eu tenha uma posição de aderir a toda as ideias do candidato, mas sim que vejo nele a possibilidade de representar algo melhor para o País".
 

Candidato mais jovem ao Piratini

O candidato tucano Eduardo Leite (PSDB) tem 33 anos e é o mais jovem a chegar ao segundo turno da eleição ao governo do Estado. Antes dele, Antonio Britto (MDB) venceu a disputa ao Palácio Piratini de 1994 com 42 anos de idade. Leite foi eleito prefeito em Pelotas em 2012, com 27 anos.
 

Perfil

Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite é natural de Pelotas e tem 33 anos. É bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e cursa mestrado em Gestão e Políticas Públicas na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo. É o atual presidente do PSDB gaúcho e concorre ao governo do Estado pela primeira vez. Foi aluno convidado do curso de Políticas Públicas da Columbia University, de Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 2017. No mesmo ano, foi um dos 11 jovens líderes brasileiros escolhidos para um encontro, em São Paulo, com o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Concorreu pela primeira vez a um cargo público em 2004, para a Câmara Municipal de Pelotas, ficando como suplente de vereador. Foi vereador na cidade entre 2009 e 2012, presidindo o Legislativo em 2011. Concorreu ao cargo de deputado estadual na eleição de 2010, mas não se elegeu. Eduardo Leite foi prefeito de Pelotas entre 2013 e 2016.

Sartori quer comparação entre trajetórias no segundo turno

Governador lamentou derrota de José Fogaça e Beto Albuquerque na corrida ao Senado

Governador lamentou derrota de José Fogaça e Beto Albuquerque na corrida ao Senado


MARCO QUINTANA/JC
No primeiro turno das eleições para o governo do Estado, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) terminou em primeiro lugar, com 35,9% dos votos. O governador José Ivo Sartori (MDB) em segundo, com 31,1% da preferência dos eleitores. Ambos vão disputar o segundo turno.
Ao chegar para a coletiva de imprensa no Hotel Intercity, Sartori revelou que, na campanha que começa agora, pretende fazer uma comparação "respeitosa, mas consistente" entre ele e Leite.
No início do evento, a militância não parecia muito eufórica, talvez, por causa da derrota dos dois candidatos ao Senado da chapa majoritária do emedebista: José fogaça (MDB) e Beto Albuquerque (PSB) - que acompanharam Sartori na coletiva. Aliás, o próprio governador chegou a ficar com a voz embargada ao cumprimentar os dois nomes que faziam parte da sua chapa majoritária.
"Faço uma saudação ao Fogaça e ao Beto com uma dor no coração, mas respeitando a decisão das urnas. Cumprimos muitas agendas juntos durante a campanha. Aprendi muito com vocês", disse com a voz titubeante, olhando para os dois.
Após essa reflexão, a militância presente foi se empolgando. Principalmente quando Sartori começou a adotar uma postura mais ofensiva em relação ao adversário do segundo turno. "Vamos propor ao povo gaúcho uma comparação respeitosa, mas consistente, entre os candidatos. Vamos comparar trajetórias, experiências, projetos, escolhas políticas e visão social. Queremos um debate elevado, sem vitimismo, sem disfarces, sem maquiagem, sem promessas vazias e frases unicamente de marketing", discursou o governador, o que lhe rendeu aplausos.
A campanha do emedebista deve explorar, nesta nova etapa da eleição, as contradições do partido de Leite. Por exemplo, apesar de o tucano defender as privatizações, como presidente estadual do partido, orientou a bancada tucana na Assembleia Legislativa a votar contra a realização do plebiscito sobre a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás) e Companhia Riograndense de Mineração (CRM).
Sartori também avaliou que a candidatura de Leite não representa um projeto de oposição. "O projeto que foi para o segundo turno conosco não é de oposição. Pelo menos, não era no começo do nosso governo. Isso significa que mais de 60% da população acredita que a nossa gestão colocou o Rio Grande do Sul no rumo certo", analisou. Ao longo do discurso, foi empolgando tanto os militantes que eles começaram a gritar o slogan de campanha do emedebistas: "o gringo tá certo!"
O coordenador de campanha de Sartori, Idenir Cecchim (MDB) - que estava na mesa no palco, junto com os líderes partidários da coligação que agrega MDB, PSD, PSB, Patri, PTC, PR, PMN, PSC e PRP - avaliou que o governador vai fortalecido para o segundo turno graças à votação expressiva. "A votação foi dentro da expectativa. Mérito do governador Sartori, que conduziu sua gestão com transparência.
Mais uma vez, o MDB disputa um segundo turno das eleições com o PSDB. Em 2016, o MDB foi derrotado pelo PSDB na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, quando o tucano Nelson Marchezan Júnior superou o emedebista Sebastião Melo. Naquele ano, Cecchim era vereador e participou ativamente da campanha de Melo. Ele acredita que a gestão de Marchezan - bastante criticada e permeada de polêmicas - pode pesar a favor de Sartori no embate dos dois partidos na disputa pelo Palácio Piratini.
"A população de Porto Alegre vai poder reavaliar a sua aposta na novidade, porque agora a gestão da Capital é uma realidade, não mais uma promessa", comentou - dando um indício de outro aspecto que a campanha de Sartori deve explorar.

José Paulo Cairoli defendeu apoio a Jair Bolsonaro na corrida presidencial

Depois que o governador José Ivo Sartori (MDB) discursou na coletiva de imprensa no início da noite, no Hotel Intercity, o microfone foi aberto aos jornalistas que desejavam fazer perguntas a Sartori ou às lideranças que estavam presentes. Uma das perguntas foi dirigida a Sartori e ao vice José Paulo Cairoli (PSD): quem a chapa apoiará no segundo turno das eleições presidenciais, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ou o do PT, Fernando Haddad? 
Para Sartori, os nove partidos da coligação devem se manter unidos na decisão sobre o apoio ao candidato a presidente da República. "Vou seguir a decisão do MDB e de todos os outros partidos que compõem a nossa coligação. Nunca fui omisso em uma eleição presidencial, mesmo em situações de grande desconforto pessoal", falou o governador.
Cairoli foi mais incisivo. Depois de dizer que sua posição era clara, virou-se para o presidente estadual do MDB, Alceu Moreira, que estava sentado ao seu lado. E falou: "Vou defender, presidente Alceu, a minha posição pessoal e a do meu partido. Defendo o apoio à candidatura de Bolsonaro". Durante a campanha, o vice-governador do Rio Grande do Sul chegou a se encontrar com o candidato a vice de Bolsonaro, General Mourão (PRTB).
 

Curiosidade

O Rio Grande do Sul nunca reelegeu um governador, desde que foi restituído o voto direto em 1982. Foram nove chefes do Executivo: Jair Soares (PDS), Pedro Simon (MDB), Sinval Guazzelli (MDB), Alceu Collares (PDT), Antonio Britto (MDB), Olívio Dutra (PT), Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB), Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (MDB).
 

Perfil

José Ivo Sartori, 70 anos, nasceu na localidade de Capela São Valentim, no interior de Farroupilha, em 25 de fevereiro de 1948. É formado em Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul e atuou como professor. Em 1976, pelo MDB, elegeu-se vereador de Caxias do Sul. A partir de 1982, já pelo PMDB, foi eleito para a Assembleia Legislativa, onde foi deputado estadual por cinco mandatos (1983-2002), atuando como Constituinte (1988-1989). Sua trajetória também inclui a titularidade da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social, entre 1987 e 1988, durante o governo de Pedro Simon (PMDB). Elegeu-se deputado federal em 2002. Depois de concorrer à prefeitura de Caxias em 1992 e 2000, foi eleito para o cargo em 2004, conquistando a reeleição em 2008. Em 2014, foi eleito governador do Rio Grande do Sul, cargo que exerce até hoje. Neste ano, concorre à reeleição, desafiando o tabu de o Rio Grande do Sul nunca ter elegido um governador, desde 1982. Em 9 de julho de 1976, casou-se com Maria Helena Sartori, atual secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos.