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eleições 2018

- Publicada em 06 de Setembro de 2018 às 00:08

Marli quer mais creches para mulheres poderem trabalhar

Candidata pelo PSTU, Marli defende a estatização de multinacionais

Candidata pelo PSTU, Marli defende a estatização de multinacionais


/CLAITON DORNELLES /JC
A entrevista desta edição, na série do Jornal do Comércio com os pretendentes ao Senado, é com a candidata pelo PSTU, Marli Schaule, que compõe a chapa majoritária liderada pelo candidato a governador Júlio Flores (PSTU). Professora aposentada, ela defende políticas públicas para as mulheres, como a abertura de mais vagas em creches, permitindo que as mães deixem seus filhos em segurança ao ir trabalhar.
A entrevista desta edição, na série do Jornal do Comércio com os pretendentes ao Senado, é com a candidata pelo PSTU, Marli Schaule, que compõe a chapa majoritária liderada pelo candidato a governador Júlio Flores (PSTU). Professora aposentada, ela defende políticas públicas para as mulheres, como a abertura de mais vagas em creches, permitindo que as mães deixem seus filhos em segurança ao ir trabalhar.
Além disso, Marli sustenta que os mandatos políticos devem ser revogáveis, caso os eleitos não cumpram o programa previsto no estatuto dos seus partidos. Ela também se posicionou contrariamente ao fechamento de escolas. Aliás, em um eventual governo do PSTU, a candidata explicou que a administração do Estado seria feita através da instalação de conselhos populares, os quais teriam poder de decisão sobre os rumos da comunidade.
Jornal do Comércio - O que a senhora pretende fazer pelo Rio Grande do Sul, caso seja eleita senadora?
Marli Schaule - Uma das coisas que vamos encaminhar é a revogação da reforma trabalhista, porque ela tirou direitos, nos jogou para a terceirização, precarizando as relações de trabalho. Também somos contra a reforma da Previdência. Defendemos, ainda, que os mandatos políticos sejam revogáveis. E, por fim, é necessário que pensemos em políticas públicas para as mulheres trabalhadoras. Mas, antes de continuar, preciso dizer que as eleições, tal como estão constituídas, só servem como referendo para que as coisas continuem iguais. O povo é chamado a votar, deposita o voto na urna, e, no dia seguinte, a vida segue exatamente igual. Os candidatos A, B e C prometem muitas coisas, mas, objetivamente, nada se concretiza. O meu mandato, se for eleita, estará a serviço da classe trabalhadora. E, para isso, estamos fazendo um chamado à rebelião: que os "de baixo" se organizem para derrubar os "de cima". A ideia central do nosso programa é a revolução socialista.
JC - Como funcionariam os mandatos revogáveis?
Marli - Se não seguir o programa do partido, o mandato de quem tiver cargos eletivos pode ser revogado. Por exemplo, se eu não seguir as diretrizes do PSTU, o partido pode solicitar o meu mandato. Outra coisa: trocou de partido, perdeu o mandato. Essa troca só alimenta esses partidos fisiológicos em torno de interesses próprios no uso da máquina pública.
JC - E as políticas para as mulheres?
Marli - Nos preocupa muito a violência contra as mulheres. A cada sete segundos, uma mulher é espancada no Brasil. A cada duas horas, uma é morta pela violência machista. E quem mais sofre são as mulheres negras e pobres. Tanto que a taxa de homicídios das mulheres negras é o dobro da das mulheres brancas. E mais: entre 2003 e 2013, o assassinato das mulheres brancas diminuiu, enquanto o das negras aumentou 54%.
JC - Diante desse cenário, quais são as suas propostas?
Marli - A primeira coisa é a criação de creches para que as mulheres possam sair para trabalhar. Lá em Passo Fundo, por exemplo, temos um déficit monstruoso de vagas. Formam-se filas quilométricas nas escolas de Educação Infantil. Muitas mães não podem sair para trabalhar, porque não tem com quem deixar os filhos. Além disso, defendemos que o SUS (Sistema Único de Saúde) seja gratuito e universal.
JC - Como professora, como a senhora avalia a educação no Estado?
Marli - O que tem acontecido no governo José Ivo Sartori (MDB) é o fechamento de escolas e a enturmação (quando juntam várias turmas, de várias séries, em uma única sala). Há uns dois anos, empreendemos uma luta lá em Passo Fundo para não fecharem as escolas do campo. As crianças que moram no Interior, se fecha a escola, têm que buscar o transporte escolar para vir à cidade. Já dificulta. Então, ao invés de ampliar a oferta de educação, o governo a restringe. Temos que manter as escolas abertas. O Sartori aumentou o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dizendo que, com isso, pagaria em dia o salário dos servidores. Só que estamos recebendo parcelado até hoje. Além disso, as escolas estão sucateadas, não tem dinheiro nem para a merenda dos alunos, sendo que, às vezes, é a única refeição que a criança faz naquele dia. As escolas têm que ser valorizadas. E a gestão tem que ser feita junto com a comunidade, através dos conselhos populares.
JC - Como funcionariam esses conselhos?
Marli - Se assumirmos o governo, vamos implementar os conselhos populares, que vão decidir as prioridades na educação, na saúde, no transporte, na moradia, na segurança, por bairro, na região. Então não haveria essa hierarquização, essas centenas de secretarias e de cargos de confiança. Nos conselhos populares, a população escolhe o seu representante, e, se ele não atender às demandas daquela região, o próprio conselho revoga o escolhido.
JC - Como a senhora avalia as negociações do governo com a União para o ingresso no Regime de Recuperação Fiscal (RRF)?
Marli - Somos contra essa renegociação, porque ela só vai aumentar o montante que devemos, além de penalizar ainda mais os trabalhadores, por conta do congelamento de salários dos servidores públicos e de outras medidas que vão vigorar se o Estado entrar no RRF. Além disso, essa dívida já deveria estar encerrada, porque já pagamos o valor devido.
JC - A senhora entende que a dívida com a União não deve ser renegociada porque já foi paga...
Marli - Exatamente.
JC - A senhora acredita que CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), Sulgás (Companhia de Gás do Rio Grande do Sul) e CRM (Companhia Riograndense de Mineração) - estatais que o governo tenta privatizar para entrar no RRF - devem se manter sob administração do Estado?
Marli - O Brasil está passando por um processo de recolonização, no qual o patrimônio público está sendo entregue a terceiros. Não só somos contra as privatizações, como o programa da nossa candidata à presidência (Vera Lúcia) prevê a estatização das 100 maiores empresas do País, incluindo as multinacionais. Além disso, o programa da Vera Lúcia também prevê a reestatização das que já foram privatizadas.
 

Perfil

Marli Schaule, 61 anos, é natural de uma localidade chamada Esperança do Sul, que se emancipou de Três Passos. Lá, cursou o magistério. Em 1979, graduou-se em Geografia na Unijuí. No mesmo ano, participou da greve que reivindicava ao governador Amaral de Souza (PDS) a contratação de mais professores. A partir daí, ingressou na política sindical. Em 1985, concluiu a pós-graduação pela Unijuí. Quando se mudou para Passo Fundo, filiou-se ao PT em 1987 - na corrente Convergência Socialista. Em 1994 - quando a ala foi expulsa do partido, formando o PSTU -, migrou para a nova sigla. De 2005 a 2012, foi diretora na Escola Antonino Xavier. Em 2013, aposentou-se com salário proporcional.