Uma nova decisão judicial muda a ordem da pauta de hoje na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e a admissibilidade do pedido de impeachment contra o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) deverá ser apreciada antes dos dois projetos de lei (PLs) remanescentes do pacote do Executivo - o que revisa a planta de valores do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o que institui o sistema de previdência complementar do funcionalismo.
Conforme o presidente do Legislativo, Valter Nagelstein (MDB), o impeachment será o primeiro item na sessão de hoje. "A menos que decidam (na reunião de líderes) recorrer da decisão", completou. Contudo, avalia que não há indicativo nesse sentido. A reunião com o colégio de líderes acontece às 11h.
Hoje é o último dia para que os PLs sejam analisados antes do recesso parlamentar, que deixa a Câmara sem votações pelos próximos 15 dias a partir de amanhã. Além da sessão ordinária, que se inicia às 14h, Nagelstein adianta que, se o tempo regimental não for suficiente para votar os projetos, que conjuntamente somam 35 emendas, uma sessão extraordinária poderá ser realizada na sequência.
Caso não seja votada hoje, a revisão da planta de valores do IPTU corre o risco de ser adiada para 2020 - isso porque ela precisa ser aprovada até 28 de setembro deste ano para poder valer em 2019, período exigido entre a data de sanção e de início da vigência para legislações com impacto financeiro.
Mesmo com quase dois meses desde o retorno do recesso - 1 de agosto - até o prazo final para aprovação do projeto do IPTU, o calendário eleitoral pode atrapalhar os planos do governo para 2018. Duas semanas após o retorno das atividades do Legislativo, se inicia a campanha eleitoral - na qual mais de 20 vereadores irão concorrer -, que segue até 7 de outubro.
Ainda assim, a orientação para a base é votar os projetos hoje. Mas, segundo o líder do governo, Moisés Barboza (PSDB), "isso depende exclusivamente de quanto tempo a oposição vai gastar para estender esse palanque eleitoreiro". Para o tucano, é impossível prever se o Legislativo terá tempo de votar as propostas do Executivo após o pedido de impeachment.
Líder da oposição, a vereadora Sofia Cavedon (PT) alega que já havia questionado o presidente da Casa para pautar o pedido de impeachment. "Temos visto que o casuísmo para favorecer o prefeito tem prevalecido", disse. Sofia diz que a oposição ainda não se reuniu depois de conhecer a liminar da Justiça, mas antecipa que a posição do PT é de acolher a denúncia, o que prevê a instalação de uma comissão que analisará o pedido. "Se isso vai resultar no impedimento, não posso assegurar. Mas a nossa função de averiguação é muito importante."
Para Barboza, essa definição dependerá dos vereadores considerados independentes. Esta é a segunda vez que um pedido de impeachment contra Marchezan chega à Câmara - no ano passado, foi rejeitado por 28 votos a sete.
O projeto do IPTU ponto a ponto
Como foi feita a atualização do valor dos imóveis
Técnicos da Secretaria Municipal da Fazenda fizeram a atualização do valor de mercado dos 747 mil imóveis de Porto Alegre. O trabalho levou em consideração:
Valor do metro quadrado na face do quarteirão onde está o imóvel (as regiões da cidade têm valorizações distintas; o trabalho da Fazenda analisa quarteirão por quarteirão, obtendo inclusive o valor médio em cada quadra);
Tipo construtivo (material utilizado na construção);
Idade do imóvel (há quanto tempo foi construído);
Tamanho (quantos metros quadrados);
Uso (residencial ou comercial);
Finalidade (o que é feito do imóvel: residência, loja, escritório, comércio).
Como ficam as alíquotas
Atualmente, os imóveis residenciais têm uma alíquota única de 0,85% do valor do imóvel. A proposta da prefeitura prevê uma faixa de isenção e outras sete alíquotas, aplicadas de forma progressiva:
Imóveis até R$ 60 mil: alíquota zero (isento);
Imóveis entre R$ 60 mil a R$ 100 mil: alíquota de 0,40%;
Imóveis entre R$ 100 mil a R$ 300 mil: alíquota de 0,47%;
Imóveis entre R$ 300 mil a R$ 500 mil: alíquota de 0,55%;
Imóveis entre R$ 500 mil a R$ 750 mil: alíquota de 0,62%;
Imóveis entre R$ 750 mil a R$ 1 milhão: alíquota de 0,70%;
Imóveis entre R$ 1 milhão a R$ 3 milhões: alíquota de 0,77%;
Imóveis que excedem R$ 3 milhões: alíquota de 0,85%.
Pela proposta, as faixas atingem a todos os contribuintes, independentemente do valor do imóvel. As alíquotas serão calculadas de forma fatiada. A alíquota incide sobre cada faixa para chegar ao valor final.
Exemplo: imóvel de R$ 300 mil vai pagar um IPTU de R$ 1.110,00.
Como é feito o cálculo:
Valor total do imóvel: R$ 300 mil
R$ 60 mil (faixa 0 até R$ 60 mil - isento) paga
R$ 60 mil x 0 = R$ 0,00
R$ 40 mil (faixa R$ 60 mil a R$ 100 mil - alíquota de 0,40%) paga R$ 40 mil x 0,40% = R$ 160,00
R$ 200 mil (faixa R$ 100 mil a R$ 300 mil - alíquota de 0,47%) paga R$ 200 mil x 0,47% = R$ 940,00