O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), um dos principais articuladores políticos do governo Michel Temer (MDB), é suspeito de envolvimento com a suposta organização criminosa que, segundo a polícia e o Ministério Público, fraudava registros sindicais no Ministério do Trabalho.
A Polícia Federal pediu autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Marun e de sua chefe de gabinete, Vivianne de Melo, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) entendeu que, por ora, não havia provas de que o emedebista integre a organização criminosa.
Em suas manifestações ao Supremo, a PF e a PGR apontaram que materiais apreendidos anteriormente mostram que Marun "se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades (sindicais) de seu interesse".
Há conversas entre a chefe de gabinete de Marun, Vivianne, e Renato Araújo Júnior, ex-coordenador de Registro Sindical do Ministério do Trabalho, atualmente preso, que, para os investigadores, evidenciam as demandas do ministro da Secretaria de Governo dentro do Ministério do Trabalho. Em relatório, os investigadores registraram que, em 23 de maio deste ano, Júlio de Souza Bernardo, o Júlio Canelinha, chefe de gabinete do ministro do Trabalho preso nesta quinta-feira, enviou uma mensagem a Araújo Júnior na qual pediu que um despacho no Diário Oficial da União fosse revertido para atender a um pleito de Marun. A publicação contrariava interesses do ministro.
Conforme mensagens do ministro Helton Yomura (PTB) com auxiliares, interceptadas na operação, a decisão publicada no Diário Oficial era para atender aos interesses do Solidariedade em Santa Catarina, mas desagradou a Marun. A PF registrou que, em mensagem de 25 de maio de 2018, Canelinha retornou ao assunto das demandas repassadas por Marun, pedindo informações sobre o que já havia sido resolvido. "Percebe-se que, pela insistência, Júlio Canelinha está sendo cobrado para dar celeridade nos processos de interesse do ministro Marun, pressionando Renato a priorizar tais processos", diz o relatório. Marun e sua assessoria não atenderam aos telefonemas da reportagem.