Servidores protestam contra 'loteamento' da Funai

Servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) apresentam hoje, na Câmara dos Deputados, uma carta pública contra o "loteamento político da instituição" e o "sucessivo desmonte das ações indigenistas" realizados pelo órgão, ligado ao Ministério da Justiça.

Uma relação de 36 organizações socioambientais assina a carta pública, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o Conselho Indigenista Missionário, a Indigenistas Associados e o Instituto Socioambiental.

No documento, as organizações repudiam "a ingerência de interesses alheios ao indigenismo na instituição", ao mencionar a exoneração do diretor de Administração da Funai, Francisco José Nunes Ferreira, afastado do cargo no dia 23 de maio pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo ter revelado gravações nas quais Ferreira indicava favorecimento de empresas predeterminadas para compras do setor de informática da Funai, orientado por pedidos feitos por parlamentares.

Os signatários da carta exigem "a indicação, para assumir a diretoria em questão, de um(a) servidor(a) do próprio quadro técnico efetivo do órgão ou pessoa com expertise técnica compatível com as atribuições do cargo".

A carta afirma que a Funai, responsável por promover e proteger os direitos de mais de 300 povos indígenas, cujos territórios abrangem aproximadamente 14% do território nacional, sofre com ingerências político-partidárias e nomeações sem critérios técnicos nem comprometimento com as questões indígenas.