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Opinião

- Publicada em 02 de Agosto de 2021 às 14:31

ESG: Escolha ou Dever?

Pode parecer à primeira vista, mas este não é um debate meramente conceitual.
Pode parecer à primeira vista, mas este não é um debate meramente conceitual.
Em um momento em que o “capitalismo de stakeholders” começa a alcançar toda a economia tradicional, é fundamental refletirmos sobre as implicações práticas dessa mudança de paradigma. A sociedade espera um protagonismo cada vez maior das empresas na solução de problemas socioambientais.
Mas, em termos práticos, o que essa tendência significa para as empresas e para seus administradores? O compromisso com a geração de valor para todos os stakeholders é uma escolha estratégica, um dever ético ou um dever legal?
A resposta a esses questionamentos tem consequências relevantes. Se, por exemplo, entendermos o ESG como uma obrigação legal autônoma dos administradores, diferentes stakeholders passam a ser titulares de novos direitos, não especificamente previstos em lei. E podem exigir judicialmente que empresas ajam ou abstenham-se de agir em determinada direção.
Seria a agenda ESG, então, uma escolha dos administradores? Uma estratégia de negócio, que alinha a solução de problemas socioambientais a retornos de investimento competitivos? Estratégias dessa natureza, sem dúvida, têm alto poder transformador, alinham-se às expectativas da sociedade e já são adotadas por importantes investidores. Uma abordagem relevantíssima, mas que não assume ESG como um dever e sim como uma oportunidade.
Outra perspectiva possível seria considerar ESG como um dever ético das empresas. Entendo que as empresas têm o dever de “fazer a coisa certa”, para além de gerar lucro. Entretanto, decisões empresariais que desconsideram aspectos éticos e socioambientais podem causar enormes prejuízos de reputação e credibilidade.
É aqui que a “onda ESG” parece influenciar significativamente a interpretação do dever fiduciário dos administradores. É preciso mapear os temas ESG relevantes para a companhia, identificar seus principais stakeholders e, idealmente, ouvir o que eles têm a dizer para/sobre a organização. Além de ter um olhar externo muito mais apurado do que as práticas hoje consolidadas de gestão empresarial oferecem. São novos processos de tomada de decisão empresarial, que exigem novas ferramentas, novas competências e novos comportamentos das lideranças.
Portanto, o ESG pode ser, simultaneamente, uma oportunidade de negócio, um dever ético e um dever legal de diligência do administrador.
Consultora e professora de Ética Organizacional e Governança, diretora do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial
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