O tamanho da riqueza

Qual riqueza? Minerais do subsolo? Praias nordestinas e coqueirais? Enseadas mediterrâneas? Opulência de Marte? O Clube Forbes não para de crescer. E o fenômeno afeta todos os continentes.

Estudo estatístico aponta 493 novos sócios do Clube dos Ricaços para 2021. Aumentou no Brasil com egressos da fortuna milionária para bilionária. Somando os ativos, reunidos os investimentos, no globo atinge a marca de US$ 14 trilhões. Em São Paulo, o icônico aeroporto Congonhas iniciará voos internacionais em jatinho. Destinado aos Midas da vez - madeira, criptomoeda, mercado de ações e gado – o Grêmio de Patacôncio do País atingirá às alturas na cidade dos sem teto, notória metrópole do realismo da carência como, aliás, já é assim no mundo. Qual o correto começo a aplicar 14 trilhões?

Bezos da Amazon pretende o comércio da viagem espacial. Este nababesco número um quer mais, deseja Marte. Outro, Elon Musk, do grupo Tesla, detém o SpaceX vocacionado para explorar o Universo. Comenta-se arquitetura interplanetária! Conterrâneos seus do continente africano grassam amarguras; migram em balsas feitas de coco no Mediterrâneo à Europa; milhares nem chegam. A ONU e a diplomacia de 193 países discutem medidas de impacto para atenuar o empobrecimento mundial mercê o enfrentamento da crise energética e alimentar à epidemia. No viés, a fortuna concentrada não cessa crescimento em volume.

A grandeza do homem, se almejada, ultrapassa ato de herói. Gravíssima a precária existência da população majoritária, permitida e louvada a aventura em prol do extraordinário. Edificar Colônia Marte não é diferente das pirâmides de Gizé e dos Jardins suspensos da Babilônia, emblemáticas proezas destinadas ao abandono. Embora exponencialmente aumentado o número de almas, a maior sacada dos ricaços pauta o impensável e o utópico: erradicar misérias com gana, inspirada no enfrentamento do vírus, da peste e da loucura.

Em nome da solidez de obras à dignidade e educação prática num raio fulminante às latitudes da Terra, a cobiça de premiar dignidade e justiça, espetáculo apoteótico! A pedra angular ao humanitário, despido da vaidade, o estatuto do Clube dos Não Tão Ricos.