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Opinião

- Publicada em 07 de Julho de 2021 às 15:26

Walter Galvani impediu a demolição do Mercado Público

A morte de Walter Galvani pegou a todos de surpresa. Falar de sua competência como jornalista, é lugar comum. Mas existe nele algo que poucos sabem. Por sua talentosa pena, impediu que o Mercado Público de Porto Alegre, onde tem assento o Bará, fosse demolido. Melhor que eu, leiam o que escreveu o Walter a respeito do assunto:
A morte de Walter Galvani pegou a todos de surpresa. Falar de sua competência como jornalista, é lugar comum. Mas existe nele algo que poucos sabem. Por sua talentosa pena, impediu que o Mercado Público de Porto Alegre, onde tem assento o Bará, fosse demolido. Melhor que eu, leiam o que escreveu o Walter a respeito do assunto:
“Foi em 1972. Enchi de ouvir falar em viadutos, era só do que tratava o prefeito de então, Telmo Thompson Flores. E descobri, até porque ele anunciou publicamente, que estaria derrubando “aquela velharia”, o Mercado Público, para abrir uma grande avenida, ligando a Siqueira Campos com a Júlio de Castilhos. Foi aplaudidíssimo pelos que diziam que era preciso transformar Porto Alegre numa metrópole.
Aquilo me irritou. Como? Derrubar o Mercado? Um prédio do fim do século XIX, harmônico em suas linhas simples, mas, indiscutivelmente uma marca do centro da capital gaúcha, uma referência histórica e sentimental? O estômago da cidade? Essa não!
Embora não confiando no meu taco, testemunha da inauguração, derrubaria os defensores do “progressismo besta”. Mas havia muito trabalho pela frente.
Comecei com modestas matérias e decidi ir incorporando os amigos e colegas, um atrás do outro. A campanha foi crescendo e recebendo adesões, inclusive na Câmara de Vereadores. Eu nem pensava em vitória, mas vitória é o que viria.
Na Feira do Livro de 1972, eu estava lançando um livro, “Informação ou Morte”, sobre jornalismo, procurando fazer comparações entre o jornalismo que se praticava no mundo de um modo geral e nos Estados Unidos, de um modo particular, e fui procurado em minha sessão de autógrafos, pelo Alberto André, diretor da Famecos/PUC e o prefeito Telmo Thompson Flores.
- O Telmo tem algo a te dizer! - falou-me o André, sorridente, junto à mesa de autógrafos na Feira. Sim, prefeito! Não vamos mais derrubar o Mercado!
Não poderia ter ouvido uma notícia melhor. E assim, com o apoio dos mais importantes jornalistas do Estado na época e com a simpatia de todos, derrubamos a proposta utilitarista. E aí está o nosso Mercado Público e espero que permaneça por mais alguns dois ou três séculos ou mais…”
Não seria demais a estátua para Walter Galvani no Mercado Público como homenagem a este gigante de talentosa e corajosa pena.
Advogado, ex-presidente do Conselho Estadual de Cultura
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