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Opinião

- Publicada em 08 de Março de 2021 às 03:00

A inobservância do óbvio

Este artigo, tem como referência o conto de Hans C. Andersen - "A roupa nova do rei", e tenta refletir sobre a dificuldade de nossa sociedade para a observação do óbvio. As implicações e a explicitação do óbvio torna a vida real, complexa e, por vezes, incompreensível. No conto, como na vida real, coube a criança a denúncia da nudez do rei e a irrealidade da cena que se oferecia a seus olhos. Pois esta é questão central - "vemos e vivemos obviedades, que nos afrontam a cada dia".
Este artigo, tem como referência o conto de Hans C. Andersen - "A roupa nova do rei", e tenta refletir sobre a dificuldade de nossa sociedade para a observação do óbvio. As implicações e a explicitação do óbvio torna a vida real, complexa e, por vezes, incompreensível. No conto, como na vida real, coube a criança a denúncia da nudez do rei e a irrealidade da cena que se oferecia a seus olhos. Pois esta é questão central - "vemos e vivemos obviedades, que nos afrontam a cada dia".
É óbvio que vivemos num país inseguro, onde milícias e milicianos, a partir dos presídios, ordenam ações e fragilizam nossa sociedade. E, certamente, a liberação da compra de armas, não resultará em segurança à população, mas armará este exército marginal, tornando a vida nas grandes cidades insuportável.
É óbvio que somos o País que possui a maior riqueza genética do planeta e valor relevante para a nossa inserção no mundo. E, certamente, as queimadas e o desmatamento desregrado e marginal só deterioram e comprometem o futuro de nossa sociedade. É óbvio que vivemos a maior pandemia de nossa geração, com contaminação crescente e o esgotamento de nossa energia cidadã, com vidas perdidas e a incapacidade de prover atenção adequada. Faltam leitos e a exaustão dos profissionais de saúde é uma realidade. Enquanto isso, nosso presidente e seus ministros já cometeram os mais graves devaneios negacionistas, desrespeitando a ciência e promovendo de forma afrontosa as aglomerações que agravam o quadro.
É óbvio que nossa democracia é atacada de forma contínua e afrontosa, em ações articuladas com núcleos de insurreição dentro do aparelho estatal. E, certamente, nossas instituições, com baixa representação, fragilizam os consensos capazes de garanti-la.
Por fim, volto a Andersen. Lá, como aqui, um marginal, malandro, conquista o rei e confecciona suas vestes, por meses produz a farsa, induzindo a todos a não observar a ficção das vestes invisíveis e inexistentes. Observada a mesa vazia, os nobres, negando-se a ver o óbvio e, com falsas manifestações de admiração, sem contestar os fatos, aderem ao desejo do rei. Neste cenário, uma criança, inocente e sincera, grita "O rei está nu". Minha esperança é que, neste País, a sinceridade e a observação do óbvio nos inspire a confessar que estamos vivendo o mais desastroso e vulnerável período de nossa história - "Nosso rei está nu".
Engenheiro, consultor de empresas
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