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Opinião

- Publicada em 12 de Janeiro de 2021 às 03:00

A democracia venceu

A partir de 2017 começou a aparecer nos EUA bibliografia alertando sobre as ameaças à democracia. Menciono alguns itens. Um dos livros mais conhecidos foi On Tyranny (Sobre a Tirania) de Timothy Snyder. No ano seguinte, 2018, Yascha Mounk publicou The People VS Democracy (O Povo contra a Democracia). Ainda em 2018 saiu pela Zahar em tradução brasileira Como as Democracias Morrem, lançado no mesmo ano nos EUA. Em 2019, indiretamente sobre o mesmo tema, mas com título diferenciado, saiu de Steven Hassan o The Cult of Trump (O Culto de Trump).
A partir de 2017 começou a aparecer nos EUA bibliografia alertando sobre as ameaças à democracia. Menciono alguns itens. Um dos livros mais conhecidos foi On Tyranny (Sobre a Tirania) de Timothy Snyder. No ano seguinte, 2018, Yascha Mounk publicou The People VS Democracy (O Povo contra a Democracia). Ainda em 2018 saiu pela Zahar em tradução brasileira Como as Democracias Morrem, lançado no mesmo ano nos EUA. Em 2019, indiretamente sobre o mesmo tema, mas com título diferenciado, saiu de Steven Hassan o The Cult of Trump (O Culto de Trump).
Depois a bibliografia se voltou para o problema jurídico político do impeachment de Trump. Além disso, se debruçou como nunca sobre a situação social dos americanos menos afortunados. Veja: Deaths of Despair and the Future of Capitalism, Princeton UP, 2020 (Mortes por Desespero e o Futuro do Capitalismo.
Hoje, dias após o assalto ao Congresso Americano, recorro a uma advertência antiga. A análise mais importante sobre a fragilidade da democracia americana ainda é a The Imperial Presidency (A Presidência Imperial) de Arthur Schlesinger Jr. (1973). Nas últimas páginas o autor se refere à tragédia de Watergate e à desgraça de Nixon. E escreve, em outras palavras: Se o presidente pode fazer o que bem entende, mesmo o proibido e o ilegal, ele vai acabar fazendo exatamente isto. Implicitamente, o autor afirma que tal procedimento é a afirmação da tirania e o assassinato da democracia.
Ora se Nixon foi perdoado, qualquer outro, na mesma situação, também conta receber a mesma benesse. Só uma punição exemplar vai, efetivamente, impedir desmandos presidenciais. Schlessinger termina com uma admoestação. Relembrando dados analisados no livro, é possível afirmar que um surto de corrupção parece visitar a Casa Branca em ciclos de 50 anos... [Assim]... em torno de 2023, o povo americano deveria assumir uma atitude de alerta...
Além de uma capacidade invejável de previsão, Schlessinger nos dá também uma lição sobre a democracia e uma recomendação para preservá-la. A ameaça à democracia não vem de baixo, mas de cima. A democracia venceu quando os votos institucionalmente corretos foram respeitados. O líder antidemocrático que abusa do poder deve ser exemplarmente punido.
Professor de Administração da Ufrgs aposentado
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