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Opinião

- Publicada em 23 de Outubro de 2020 às 03:00

Museus em metamorfose

Os museus têm sua origem nos gabinetes de curiosidades ou salas das maravilhas, onde colecionadores (nobreza, clero e colonizadores) exibiam a convidados da elite peças ou espécimes considerados exóticos ou obras-primas das artes. Tratava-se de um evento social dos mais disputados e voltados à elite.
Os museus têm sua origem nos gabinetes de curiosidades ou salas das maravilhas, onde colecionadores (nobreza, clero e colonizadores) exibiam a convidados da elite peças ou espécimes considerados exóticos ou obras-primas das artes. Tratava-se de um evento social dos mais disputados e voltados à elite.
Quando tais acervos deixam os palácios, as mansões e as igrejas para serem apresentados publicamente nos museus, esses espaços são igualmente suntuosos e afastam as camadas populares que não se sentem autorizadas a passar pela porta principal, dada a necessidade de possuir repertórios para compreender, desfrutar e difundir o conteúdo apresentado.
Nesses primórdios, as peças que testemunham os modos de vida das comunidades tradicionais e populares são tratadas como exóticas, enquanto os museus de história constroem narrativas de identidades nacionais, e os museus de belas artes definem o que é arte e consagram artistas que reflitam o gosto refinado das classes abastadas.
Com o tempo, as escolas descobrem que levar os alunos aos museus rende uma boa experiência para dar vida ao conteúdo dos livros e da sala de aula, enquanto os museus, por sua vez, descobrem outros públicos e a possibilidade de justificar os investimentos de que necessitam. Abrem-se as portas ao povo.
Em plena pandemia, os museus de todo o mundo precisaram se reinventar, e exposições virtuais, lives, vídeos sobre acervos, grupos de pesquisa, produção teórica passaram a ser o ponto de contato dessas instituições com seus públicos habituais e com o não público - aqueles para os quais o museu era para o outro e não para ele.
Não voltaremos os mesmos.
Nessa volta, contudo, o visitante também será outro e se espera dele um compromisso ainda maior com algumas condutas no museu, em especial no que tange à tentação de tocar naquilo que vê, pois o álcool, tão fundamental à prevenção da Covid-19, é muito prejudicial ao acervo - resseca, craquela, descama e descolore tudo o que for tocado por conta da reação química que promove com o material que compõe cada acervo exposto ao olhar.
Diretora do Museu Julio de Castilhos
 
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