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Opinião

- Publicada em 03 de Setembro de 2020 às 03:00

A geopolítica da vacina

A falência do sistema multilateral e da governança da Organização Mundial da Saúde (OMS) em lidar com a crise do Covid-19, restou clara: sobrou às grandes potências buscarem freneticamente, cada uma por si, a vacina. A corrida pela mesma não apenas representa a possibilidade de cura, mas é o marcador principal de uma virada à normalidade econômica, no mundo. Basicamente, quatro projetos distintos buscam a proeminência na resposta ao vírus: o americano, o chinês, o britânico e o russo, todos já em estágio avançado.
A falência do sistema multilateral e da governança da Organização Mundial da Saúde (OMS) em lidar com a crise do Covid-19, restou clara: sobrou às grandes potências buscarem freneticamente, cada uma por si, a vacina. A corrida pela mesma não apenas representa a possibilidade de cura, mas é o marcador principal de uma virada à normalidade econômica, no mundo. Basicamente, quatro projetos distintos buscam a proeminência na resposta ao vírus: o americano, o chinês, o britânico e o russo, todos já em estágio avançado.
O projeto americano já dispôs de alguns bilhões de dólares com grandes farmacêuticas do país, visando garantir todos os lotes iniciais aos seus populares, mas apostando também no célere projeto inglês, do qual Trump mira a possibilidade de uma "autorização para uso emergencial" antes mesmo das eleições presidenciais de novembro.
O projeto chinês visa dois objetivos. O primeiro é a tentativa de amenizar a sua responsabilidade em ter atrasado as informações sobre a Covid-19. O segundo é o financiamento bilionário aos países em desenvolvimento para a compra de suas vacinas.
O britânico guarda a possibilidade de compartilhamento de doses com outros países. A parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório anglo-sueco AstraZeneca parece promissora, com a possibilidade de aprovação final ainda nesse ano.
O projeto russo ainda é o mais desconhecido de todos. O recente anúncio do governo sobre a vacina Sputnik V, em que pese a assertividade de Putin, tem gerado muitos questionamentos da comunidade científica internacional. A Rússia quer ter um papel de liderança no tabuleiro geopolítico euroasiático e a vacina é ingrediente relevante.
Os quatro projetos buscam, cada um ao seu modo, a liderança geopolítica no combate à Covid-19. Os EUA querem esgotar internamente todas as doses, no modelo "America First", reforçando a indústria nacional e mirando as eleições. A China quer ser uma "potência humanitária", criando mais dependência comercial aos seus parceiros econômicos, financiando a compra de suas vacinas. O projeto britânico visa reafirmar a liderança internacional do Reino Unido após a sua separação da União Europeia, com o Brexit. A Rússia, com sua Sputnik V, lembra propositalmente a sua corrida espacial ainda como União Soviética em 1957, buscando literalmente, um "novo espaço" na política mundial.
Consultor de Relações Internacionais
 
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