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Opinião

- Publicada em 02 de Junho de 2020 às 21:21

Família e escola na pandemia

Alexander Goulart
Alexander Goulart
Os pais nunca se envolveram tanto no cotidiano da vida escolar dos filhos como agora. As aulas à distância impõem às famílias o dever de acompanhar e participar, especialmente na Educação Infantil e Anos Iniciais. A dependência das crianças para a realização das atividades é um desafio para quem as acompanha em casa. Nas escolas particulares, que efetivamente implementaram o modelo on-line, o esforço dos professores em prover conteúdo de forma atrativa e a dificuldade para os pais acompanharem as atividades junto às crianças dominam os assuntos discutidos nos grupos em redes sociais.
Além do tempo exigido, sobretudo para quem trabalha em home office, a paciência tem se mostrado uma virtude necessária. A diversidade de experiências anteriores das crianças se torna cristalina na percepção das diferenças. Há aqueles que nunca frequentaram nenhum tipo de escola, crianças educadas pelos pais, pelas babás, pelos avós, que frequentaram creches ou escola de educação infantil com sólido projeto pedagógico. Essa diversidade, rica por um lado, aponta para um problema quando se juntam as crianças numa mesma "turma" que deve seguir um mesmo ritmo.
Por exemplo, uma criança que ingressa no 1º ano do EF já alfabetizada parece "retroceder" diante de atividades que realiza com extrema facilidade. Já os pequenos da Ed. Infantil, que desde cedo podem ser muito estimulados, conseguem realizar em cinco minutos o que alguns colegas demoram mais que o dobro. Certamente, dentro da sala de aula presencial, o envolvimento com o grupo ameniza as diferenças e cria cooperação, mas na "solidão interativa" dos estudantes no ensino à distância, o nível de curiosidade e entusiasmo diminuem sensivelmente. E os pais, angustiados, se perguntam: se meu filho tem capacidade para fazer mais do que isso, não está perdendo tempo? Se observarmos as necessidades individuais, não há dúvida de que as diferenças exigem modelos mais agregadores à vontade de aprender.
Como fazer isso? Daqui para frente, a tendência é surgir um outro nível de envolvimento pedagógico das famílias com as escolas, o que é bom. Mas não será fácil para as partes colocarem em prática um modelo mais conjunto e construtivo, afinal, normalmente os pais acreditam saber mais sobre os filhos do que a escola e a escola acredita saber mais sobre educação que os pais. A conciliação poderá se dar nesse espaço do não-saber e de uma inédita e criativa parceria consciente entre escola e família.
Jornalista, licenciado em Ciências Sociais
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