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Opinião

- Publicada em 27 de Novembro de 2019 às 03:00

Mercado Público, onde a vida acontece

Jacqueline Custódio
A história do Mercado Público confunde-se com a de Porto Alegre. É um marco em todos os sentidos. Construído com a força de escravos e de operários, inicialmente abrigava, em sua estrutura, armazéns de secos e molhados e, no pátio interno, bancas com frutas, verduras, ervas medicinais e pequeno comércio em geral. Tal quadro já dá uma ideia de sua natureza diversa e democrática. Com a tardia abolição da escravatura brasileira, foi o local onde os escravos libertos buscavam reiniciar suas vidas, através da venda de quinquilharias, de quitutes e de trabalhos informais.
A história do Mercado Público confunde-se com a de Porto Alegre. É um marco em todos os sentidos. Construído com a força de escravos e de operários, inicialmente abrigava, em sua estrutura, armazéns de secos e molhados e, no pátio interno, bancas com frutas, verduras, ervas medicinais e pequeno comércio em geral. Tal quadro já dá uma ideia de sua natureza diversa e democrática. Com a tardia abolição da escravatura brasileira, foi o local onde os escravos libertos buscavam reiniciar suas vidas, através da venda de quinquilharias, de quitutes e de trabalhos informais.
A ligação entre o lugar e a comunidade afro-brasileira foi concretizada no assentamento do Bará do Mercado, hoje representado por uma obra de arte localizada no cruzamento dos caminhos do mercado, marcando o local de ritos religiosos.
Durante os 150 anos de existência, o Mercado Público já sofreu inúmeros ataques. Incêndios, foram cinco; uma inundação em 1941 e a investida de governos, querendo a sua demolição para que o progresso pudesse passar pelo meio de sua alma, através de uma avenida. A sociedade civil mobilizou-se e impediu seu desaparecimento. Hoje, o nosso mercado representa a vida da cidade em sua plenitude. A variedade de produtos e de atividades oferecidas, sejam comerciais, religiosas ou culturais, demonstra sua vitalidade e potência.
Mas vai além. O burburinho e movimentação da população em suas entranhas constituem um imenso patrimônio imaterial, atualmente ameaçado por um plano de privatização da gestão do local. Importante lembrar que existe uma associação de permissionários que vem gerenciando o mercado e que se manteve durante o longo processo de restauração, após o incêndio de 2013.
Também, que existem recursos no Fundo Municipal do Mercado Público de Porto Alegre, justamente para custear reformas, manutenção e investimentos no prédio. Recursos que a atual administração municipal busca, através de um Projeto de Lei nº 005/2019, reverter até 90% para um caixa único, retirando sua destinação específica.
O Mercado Público tem um valor que transcende ao econômico, por ser ao mesmo tempo patrimônio cultural e espaço democrático da cidade, cuja gestão não deve ser entregue à iniciativa privada, sob pena de perdermos parte de nossa identidade.
Advogada
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