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Opinião

- Publicada em 31 de Outubro de 2019 às 03:00

Petróleo: duas lições

Quando da explosão, em abril de 2010, da plataforma petrolífera no Golfo do México, duas situações se notabilizaram: a falta de um plano de contingenciamento realmente eficaz e a demora na tomada de decisões. Só em meados de julho foi estancado o derramamento; contudo, as consequências perduraram ao longo do tempo. O desastre provocou a morte de 11 trabalhadores, 22 feridos e um dano ambiental que foi muito além da destruição do habitat da ave símbolo da região: o pelicano. Às mortes visíveis se somaram as silenciosas, como do fitoplâncton e outros seres que integram a cadeia ecossistêmica. O petróleo insinua-se nas invisibilidades com maior ênfase que nas evidências, solubilizando-se pelos corpos dos seres vivos. Lembro o quanto impactavam as cenas em que pessoas, tanto do meio oficial quanto do voluntariado, se esforçavam em lavar as asas dos pássaros. Contudo, mais pungente se fazia a sensação do que estaria acontecendo para além das aparências. O que estaria ocorrendo com a natureza em suas intrincadas relações, pois não podemos ignorar a riquíssima biodiversidade dos pântanos que margeiam o Golfo.
Quando da explosão, em abril de 2010, da plataforma petrolífera no Golfo do México, duas situações se notabilizaram: a falta de um plano de contingenciamento realmente eficaz e a demora na tomada de decisões. Só em meados de julho foi estancado o derramamento; contudo, as consequências perduraram ao longo do tempo. O desastre provocou a morte de 11 trabalhadores, 22 feridos e um dano ambiental que foi muito além da destruição do habitat da ave símbolo da região: o pelicano. Às mortes visíveis se somaram as silenciosas, como do fitoplâncton e outros seres que integram a cadeia ecossistêmica. O petróleo insinua-se nas invisibilidades com maior ênfase que nas evidências, solubilizando-se pelos corpos dos seres vivos. Lembro o quanto impactavam as cenas em que pessoas, tanto do meio oficial quanto do voluntariado, se esforçavam em lavar as asas dos pássaros. Contudo, mais pungente se fazia a sensação do que estaria acontecendo para além das aparências. O que estaria ocorrendo com a natureza em suas intrincadas relações, pois não podemos ignorar a riquíssima biodiversidade dos pântanos que margeiam o Golfo.
Agora, o petróleo flui pelos labirintos das correntes litorâneas no Nordeste do Brasil e repete-se o despreparo quanto ao seu enfrentamento. O receio de Nova Orleans de que o petróleo invadisse os pântanos adensa-se nos nossos mangues, recifes e praias. Se todos os habitats são importantes, os mangues guardam mistérios que só os berçários são capazes de revelar. Berçários que nutrem a vida. Descuidar dos mangues se constitui num dos maiores crimes ambientais que se pode cometer.
Por que não aprendemos? Dir-se-á que são situações diferentes. E são. Aqui, as incógnitas são maiores: navios-fantasma, fissuras subterrâneas, transbordo malsucedido, crime premeditado, cascos corroídos, sanções prevalecidas. Porém, é petróleo. De outras características biofísico-químicas, mas petróleo, um combustível fóssil como o é, mantidas as peculiaridades, também o carvão. Até quando vamos insistir na energia fóssil? A natureza nos manda recados contínuos. Onde foi parar nossa decantada criatividade, capacidade cognitiva e presteza atitudinal? Por que desconsideramos as toxicidades invisíveis que se propagam pelo ar, pela terra, pelas águas, pelos tecidos e pelos órgãos?
Geólogo e analista ambiental
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