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Opinião

- Publicada em 18 de Julho de 2019 às 15:34

Um novo futuro para a questão agrária

No ano de 2006, no auge de um conflito agrário que tinha São Gabriel como epicentro, publiquei na imprensa estadual o artigo “A Atualidade da Baderna Agrária”, em resposta ao artigo “Atualidade da Reforma Agrária”, do então deputado estadual Frei Sérgio Goergen, que pregava a substituição pura e simples do agronegócio empresarial pelo que ele chamava, eufemisticamente, de “sistemas de produção camponeses”. Fui bastante criticado ao dizer que o modelo por ele defendido, produzia uma verdadeira “favelização” do campo. “Famílias são simplesmente jogadas em assentamentos sem a mínima condição de infra-estrutura”, escrevi na época. Após mais de uma década, o Brasil se choca com o contraste de cenas reveladas pela televisão, onde, por um lado, lotes de assentamentos são usados para construção de resorts com piscina, e por outro, assentamentos com infra-estrutura precária e com os recursos disponíveis nas mãos de poucos dirigentes de cooperativas, obrigando assentados a trabalhar na cidade para garantir a subsistência. As mesmas denúncias que fizemos há mais de uma década continuam válidas até o dia de hoje.
No ano de 2006, no auge de um conflito agrário que tinha São Gabriel como epicentro, publiquei na imprensa estadual o artigo “A Atualidade da Baderna Agrária”, em resposta ao artigo “Atualidade da Reforma Agrária”, do então deputado estadual Frei Sérgio Goergen, que pregava a substituição pura e simples do agronegócio empresarial pelo que ele chamava, eufemisticamente, de “sistemas de produção camponeses”. Fui bastante criticado ao dizer que o modelo por ele defendido, produzia uma verdadeira “favelização” do campo. “Famílias são simplesmente jogadas em assentamentos sem a mínima condição de infra-estrutura”, escrevi na época. Após mais de uma década, o Brasil se choca com o contraste de cenas reveladas pela televisão, onde, por um lado, lotes de assentamentos são usados para construção de resorts com piscina, e por outro, assentamentos com infra-estrutura precária e com os recursos disponíveis nas mãos de poucos dirigentes de cooperativas, obrigando assentados a trabalhar na cidade para garantir a subsistência. As mesmas denúncias que fizemos há mais de uma década continuam válidas até o dia de hoje.
Estudando a fundo a questão agrária há mais de 15 anos como dirigente sindical patronal em São Gabriel, e defendendo um modelo mais eficaz e menos perdulário, recebemos o desafio de ajudar a construir uma nova concepção de desenvolvimento agrário, como Superintendente Regional do Incra no Rio Grande do Sul. Sem jamais ter sido político e sem nunca ter filiação partidária, assumo o desafio de servir ao país, atendendo ao chamado de um governo que prometeu ocupar os postos-chave da República com pessoas de conhecimento técnico, e não somente traquejo político. Quem, como eu, passou anos criticando, tem o dever de dizer sim quando é chamado a resolver.
Os que temem a presença de um “ruralista” em um órgão que se destina a efetivar a política de reforma agrária no país, podem ficar tranqüilos. Nosso objetivo, delimitado pelo presidente Jair Bolsonaro para todas as áreas do governo, é a moralização e racionalização dos gastos públicos. Assentamento não é para sediar piscinas olímpicas nem pista de motocross. A Constituição Federal concebe a reforma agrária como um instrumento para gerar mais produtores rurais. Há uma enorme quantidade de lotes desocupados ou irregulares, cuja regularização bastará para realocar muitas famílias vocacionadas para a atividade rural. Para isso é imprescindível aperfeiçoar parcerias com prefeituras, universidades, e instituições como Embrapa, Emater e o Senar, levando capacitação e conhecimento aos assentados, para que usem a tecnologia como aliada.
Este desafio será construído com diálogo, respeito e transparência. Mais do que consertar o passado, o que importa é construir um novo futuro, onde o desempenho produtivo dos assentamentos seja relevante para as famílias, para os municípios e para todo o povo gaúcho.
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e vice-presidente da Farsul
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