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Opinião

- Publicada em 15 de Julho de 2019 às 16:38

Sérgio Moro na arena com os leões

Sérgio Moro na arena com os leões
Sérgio Moro na arena com os leões
Fábio Hoffmann
Escrevi em 2017 que Bolsonaro já era então uma realidade eleitoral, não só diante da sua penetração entre o eleitorado mais jovem, mas também pelo seu potencial de representar a figura do anti-establishment. Como vinha sendo previsto, para além das reformas agendadas, Bolsonaro sucumbiu aos apelos do populismo via polarização ideológica e vem revelando até aqui um governo sem grandes ambições. Enquanto caem os índices de aprovação e de confiança ao seu governo Bolsonaro vê Sérgio Moro arregimentar um protagonismo crescente.
O término da sazonalidade eleitoral, a inabilidade na articulação política, as derrotas impostas pelo legislativo e judiciário, a decepção da economia e a necessidade de manter aquecido o nível do conflito político via polarização ideológica são alguns dos fatores que estão deslocando a atenção do eleitor médio para outra figura que simbolize a mensagem salvação. E Moro está começando a entender que a lógica da disputa pelo poder depende da reconfiguração da mensagem para a base.
Acontece que base social que dá sustentação a Moro, por ser mais ampla, se choca diretamente com a de seu chefe, além de entrar também em rota de colisão com a base que João Dória, outro pré-candidato para 2022, procura sensibilizar. Moro não tem tato para a política explícita, mas vem até aqui se beneficiando das narrativas hegemônicas que gravitam em torno de si e que, para o bem e para o mal, cada vez mais o levam para o centro da atenção do eleitor brasileiro.
O desenvolvimento da trama política que resultará na conjuntura eleitoral de 2022 começa a ser destrinchado e está tão interessante quanto o suspense dos filmes de Orson Welles. Se por um lado a esquerda ainda não se encontrou, por outro saber como Moro Bolsonaro e Dória vão reagir quando começar a sentir que o campo minado entre eles tem se tornado mais incisivo a cada passo dado, é um prognóstico que, embora ainda distante, parece imprescindível para entender a política brasileira de hoje.
Cientista político
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