Nos últimos meses, um certo orgulho brotou no peito dos habitantes de Porto Alegre com a finalização das obras de revitalização do primeiro trecho da orla do Guaíba.
Vistoso, aquele cantinho do lago junto ao Centro Histórico retomou sua função como espaço de entretenimento e lazer para a população.
Mas é necessário que o poder público vá além, olhando para outros bairros nos quais as obras estão paralisadas ou não saem do papel há muito tempo. Infelizmente, exemplos não faltam.
A trincheira da avenida Ceará parece presa em um ciclo eterno de construção. Desde 2012, milhares de veículos que chegam a Porto Alegre pelo acesso do aeroporto Salgado Filho convivem com engarrafamentos diários decorrentes do desvio no trânsito.
É lamentável pensar que, após sete anos, a perspectiva de conclusão é setembro de 2019. Há quem aposte que a gigantesca nova ponte do Guaíba seja aberta ao tráfego antes (mesmo que tenha registrado também algum atraso).
Ainda no quesito mobilidade urbana, a avenida Carlos Gomes exibe outros exemplos de morosidade em obras públicas - caso das trincheiras da Anita Garibaldi e da Cristóvão Colombo - sem citar o viaduto da Plínio Brasil Milano, que nem começou a ser construído por questões de desapropriação de imóveis.
A histórica Ponte de Pedra, no Largo dos Açorianos, segue interditada. As obras de revitalização também estão durando anos. Ao Sul da cidade, a duplicação da avenida Tronco tem perspectiva de conclusão para 2020 - oito anos após o início, em 2012.
É preciso destravar também outros serviços. Quem roda pela cidade, seja de carro, ônibus, bicicleta ou a pé, pode esquecer de tentar saber a hora ou a temperatura nos relógios que (antigamente) informavam a população. Seguem desativados há anos - a promessa é de que, em 2019, a licitação deve trazer novidades positivas.
A Usina do Gasômetro padece do mesmo mal. Fechada para obras que não avançam. Enquanto isso, exposições, atividades artísticas e sessões de cinema, que antes movimentavam o espaço cultural, não ocorrem mais.
Seguindo na área cultural, o forte calor das últimas semanas obrigou a organização do Porto Verão Alegre a transferir os espetáculos previstos para a Sala Álvaro Moreyra, do Centro Municipal de Cultura, para a Casa de Cultura Mario Quintana. Motivo: o público não suporta o calor do espaço em dias muito quentes.
Antes de começar o evento, o Porto Verão, por meio de patrocínio, doou aparelhos novos de ar-condicionado para a Álvaro Moreyra. Por falta de tempo hábil ou de contratação de profissionais para instalação, os aparelhos seguem encaixotados.
Retornando ao Centro Histórico, a emblemática região do entorno da Usina do Gasômetro aguarda, há décadas, a revitalização do Cais Mauá. Os empreendedores projetam um aperitivo para o fim de março, no aniversário de Porto Alegre, com espaço de convivência e um estacionamento para 600 carros na região.
Porto Alegre cresceu e se desenvolveu tendo a orla do Guaíba como companheira inseparável. É louvável investir na região, com mais quadras de esportes, ciclovias e iluminação.
Mas as outras regiões de Porto Alegre também merecem ter obras finalizadas. A população agradece.