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Opinião

- Publicada em 10 de Dezembro de 2018 às 01:00

O anti-herói entra e rouba a cena

O Brasil levou muito tempo para começar a reconhecer seus verdadeiros heróis e heroínas, líderes das lutas populares por liberdade, direitos e igualdade. Derrotados pelo poder central, eram relegados a pequenas notas nos livros didáticos e suplantados pela versão oficial dos vencedores, substituídos seus feitos pelas "benesses" daqueles.
O Brasil levou muito tempo para começar a reconhecer seus verdadeiros heróis e heroínas, líderes das lutas populares por liberdade, direitos e igualdade. Derrotados pelo poder central, eram relegados a pequenas notas nos livros didáticos e suplantados pela versão oficial dos vencedores, substituídos seus feitos pelas "benesses" daqueles.
Assim que a Princesa Isabel teve, por muito tempo, mais celebrações e méritos que Zumbi dos Palmares na narrativa do fim da escravização do povo negro. Sem se perceber protagonista da história, o povo não constrói autoestima, pertencimento tal que o faça participar dos destinos do País. Só o exercício democrático continuado, a participação direta desde a escola até o debate nacional, vai constituindo o protagonismo do próprio povo como o "herói" de sua história. Cidadania e democracia acontecem juntas ou não se constituem!
Pois, nessa eleição, o processo democrático que vinha se consolidando sofreu um revés perigoso. Os discursos políticos que preservavam civilidade, valores democráticos e racionalidade foram substituídos na campanha eleitoral pela brutalidade, pelo preconceito e pelas mentiras. Mentiras, sim, ou seriam outra coisa as tais "fake news"? Por elas, muito machismo, ódio, simplificação caricata, indução à violência como solução dos problemas. Pelas "news mentiras" patrocinadas em larga escala, a manipulação da opinião pública, o apelo ao senso comum conservador que subjaz a formação do povo brasileiro contra movimentos, partidos e pessoas que lutam por participação, liberdade e igualdade.
Bolsonaro tomou o papel dos déspotas de outrora, como "salvador da pátria, dos bons costumes, da retidão" - valores hipócritas das elites que por eles justificavam a violência contra o povo e mantinham a estrutura econômica desigual, injusta e a entrega da riqueza pública à exploração privada - projeto não debatido na eleição e que ele pretende aprofundar.
Espero que o povo não demore em perceber os novos anti-heróis e retome o próprio protagonismo e o processo verdadeiramente democrático da construção de um Brasil igualitário, sem preconceitos e sem violência.
Vereadora e deputada estadual eleita (PT)
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