Estampam cartazes com esses dizeres as empresas em mudança de comando. "A história é um pesadelo, do qual a estou procurando acordar", escreveu James Joyce. Há de se ter os pés no chão e a imaginação sob freios para se pensar ou escrever sobre nosso País. Somos uma democracia instável. O pleito 2018 foi um tsunami político. Nossos "cientistas políticos" ficaram gagos e vacilantes. Lideranças calejadas e poderosas se viram de mãos vazias. As edificações partidárias foram por água abaixo. Nada será como antes, ou tudo não passará de uma "nuvem passageira", como cantava Hermes Aquino?
Não é em vão que o ponto de interrogação tem a forma de uma orelha! Como? Mas como um homem sozinho, dando signos e sinais de uma metralhadora nas mãos, contando com quatro minguados deputados em sua legenda, se impõe sobre toda a safada e rebuscada montagem partidária com assentos no parlamento nacional? O medo dorme tarde e acorda cedo. A melhor análise social tem por foco os procedimentos da esquerda e da direita, em territórios local e internacional. Enquanto a esquerda tangia as cordas sobre as questões relativas ao direito de minorias, imigrantes, LGBTs e outras questões fracionadas, a direita bateu numa tecla constante e sensível: a grande insegurança do mundo e, em nosso caso, o índice de violência que machuca o rosto do País e nos assombra a cada dia, cada vez mais. Colou-se à imagem de Bolsonaro todos os defeitos humanos cabíveis, reais ou imaginários, que se possa inserir sobre uma biografia. Inutilmente. Caravanas, aviões, militantes, ostentar e esconder o mito encarcerado, de nada valeu. O candidato esfaqueado, do hospital ou de seu pátio, com mensagens claras em produção capenga, se elevou, irresistivelmente.
O livro de nossa história está aberto em uma página em branco. O que escreveremos é responsabilidade comum. O Brasil, hoje, é um país perplexo. O radicalismo e a dúvida convivem com a esperança. Ferida nos flancos, mas teimosa e viva.
Escritor e publicitário