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Opinião

- Publicada em 22 de Agosto de 2018 às 01:00

A crise com os Estados Unidos e a soja para China

A China, maior compradora de soja do mundo, pode não apenas pagar mais pela oleaginosa se impuser tarifas às importações norte-americanas, mas também criar novos compradores do produto dos EUA, já que a medida mexe em fluxos globais de comércio. Simultaneamente, o Brasil anuncia produção e exportação de soja recordes, gerando divisas na ordem de US$ 36 bilhões em 2018. Serão 118,9 milhões de toneladas.
A China, maior compradora de soja do mundo, pode não apenas pagar mais pela oleaginosa se impuser tarifas às importações norte-americanas, mas também criar novos compradores do produto dos EUA, já que a medida mexe em fluxos globais de comércio. Simultaneamente, o Brasil anuncia produção e exportação de soja recordes, gerando divisas na ordem de US$ 36 bilhões em 2018. Serão 118,9 milhões de toneladas.
O apetite voraz da China pela oleaginosa excede as exportações globais, excluindo-se os Estados Unidos, de modo que a oferta proveniente de estados como Illinois e Iowa pode ser desviada para unidades de processamento da América do Sul.
A proposta da China para uma tarifa de 25% sobre a soja dos EUA, parte de sua resposta aos planos norte-americanos de impor tarifas sobre uma série de produtos chineses, já elevou os preços dos outros dois grandes fornecedores, Brasil e Argentina. A disputa é a mais recente de uma série de batalhas comerciais desde que Donald Trump se tornou presidente dos Estados Unidos, em janeiro de 2017, o que já está prejudicando o setor agrícola do seu país.
Compradores mexicanos impulsionaram as compras de milho do Brasil depois que Trump ameaçou romper o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), enquanto sua decisão de não se juntar à Aliança Transpacífica ameaça as vendas de trigo dos EUA para o Japão. Na Argentina, igualmente, a confusão pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China fez os preços internos subirem no país vizinho.
A Argentina já comprou 240 mil toneladas de soja dos Estados Unidos, sua maior compra em 20 anos, com as vendas registradas para o ano comercial de 2018/2019, que começam em setembro.
Os grandes prêmios para a soja sul-americana poderiam criar uma triangulação, com os esmagadores argentinos comprando dos Estados Unidos e enviando seus produtos para a China. O aumento do custo da soja sul-americana também melhorou a competitividade do fornecimento norte-americano em outros mercados, como a União Europeia (UE), o segundo maior importador do mundo.
Técnicos europeus do setor agrícola dizem que se a China levar a soja da América do Sul, outros grandes importadores - como União Europeia, México, Japão, Taiwan, Tailândia, Indonésia, Vietnã e Egito - terão que encontrar novos suprimentos. Ora, isso é muito bom para o Brasil, com o Rio Grande do Sul sendo um dos beneficiados diretos, pois somos grandes produtores da oleaginosa. É importante que o Rio Grande do Sul, ao lado de estados do Centro-Oeste, se organize para atingir mercados carentes de produtos agropecuários, e não apenas da soja.
Mesmo com as barreiras comerciais adotadas pela UE ou alguns dos seus países-membros - na verdade, briga comercial e medo da concorrência dos bons produtos brasileiros -, temos que insistir e oferecer. O acordo entre Mercosul e UE, depois de 20 anos de negociações falsas, ainda não saiu, salvo se Donald Trump também guerrear comercialmente com seus aliados europeus e o Reino Unido conseguir complicar ainda mais a sua saída da União Europeia, com o Brexit.
Como sempre dito, entre países, os interesses comerciais estão à frente das negociações. Ainda bem que, neste 2018, o superávit da nossa balança comercial já alcança algo em torno de US$ 30 bilhões. Mas ainda é pouco. Temos que chegar aos US$ 60 bilhões até dezembro. Isso é fundamental.
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