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Opinião

- Publicada em 20 de Agosto de 2018 às 01:00

O Brasil não merece o Joaquim

Regozijo-me em perceber que, finalmente, o Brasil começa a reconhecer o peso histórico da escravização e da discriminação racial, que sempre foi marca da sociedade. Há um avanço ao aceitar o debate, aceitar a existência do problema. Falta enfrentá-lo de maneira efetiva (Joaquim Barbosa).
Regozijo-me em perceber que, finalmente, o Brasil começa a reconhecer o peso histórico da escravização e da discriminação racial, que sempre foi marca da sociedade. Há um avanço ao aceitar o debate, aceitar a existência do problema. Falta enfrentá-lo de maneira efetiva (Joaquim Barbosa).
Faço alusão na frase título à música Querelas do Brasil composta por Maurício Tapajós e Aldyr Blanc, e tornada definitiva por Elis Regina, em 1978, dura análise Aquarela do Brasil do Ary Barroso que imaginava pintura do Brasil sem problemas.
Querelas deixa claro que o "Brazil" não conhece o Brasil, e o "Brazil" tá matando o Brasil. A utilização da letra com palavras de origem indígena e africana fazem eco ao valor cultural da gente que construiu o Brasil. O pensamento à epígrafe e da altura do ministro Joaquim. Efetivamente, com ele à frente, o mensalão deu o primeiro passo às mudanças no Brasil. Lembro que o escritor José Luiz Pereira da Costa, em 1993, falava das Universidades Negra que surgiram no continente africano há mil anos e que, quando da abolição da escravatura nos Estados Unidos, os negros norte-americanos já haviam criado nove universidades e, em 1993, esse número já alcançava cerca de 120. Enquanto isto, no Brasil, os negros sequer passavam pelas calçadas das universidades. Lupicínio Rodrigues foi Bedel da Faculdade de Direito da Ufrgs. Mesmo que o negro Alcides Cruz fosse um dos fundadores e professor da Faculdade de Direito de Porto Alegre, hoje Ufrgs - aliás, em boa hora a Assembleia Legislativa e o Instituto Histórico e Geográfico do RS recuperam, hoje, sua memória no livro Perfil parlamentar.
A simples possibilidade de o ministro Joaquim Barbosa ser candidato à presidência da República (depois desistiu) já possibilitou que os racistas, segregacionistas e preconceituosos tecessem severas críticas a ele. Não admitiam a hipótese de alguém oriundo da Senzala ocupar a Casa Grande. Esqueceram (?) suas muitas virtudes e pinçavam argumentos pífios, como que não saberia governar sem coligações. Querem, no fundo, esses arautos que tudo permaneça como está. Infelizmente, o Brasil de hoje ainda não merece Joaquim Barbosa.
Escritor
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