Há uma inegável curiosidade em saber o porquê desta irresistível vocação dos vereadores de Porto Alegre em cometer as mais incríveis trapalhadas. Legislaram equivocadamente na questão dos carrinheiros, na dos fogos de artifício e, recentemente, em relação ao serviço de táxis, tanto na definição de cor quanto na questão da segurança dos passageiros. Agora, se intrometem na cultura gaúcha, apresentando um projeto de produção de uma Ópera Rock Farroupilha.
Projeto esdrúxulo, porque: um projeto deste porte exige pelo menos seis meses para sua execução, na época da epopeia Farroupilha não existia Rock and Roll e, o mais grave, Porto Alegre permaneceu fiel ao Império, o que lhe valeu o lema de "leal e valerosa" (na época, senhores edis, se escrevia assim). Além disso, o projeto sinaliza uma profunda contradição: enquanto a prefeitura não tem recursos nem para pagar espetáculos já apresentados pelo Fumproarte, na Câmara parece que o dinheiro está sobrando, dado o alto custo deste projeto inexequível com lisura.
Afinal, como já sentenciou o genial compositor carioca, Paulinho da Viola: "dinheiro na mão é vendaval". Quanto à Câmara, ela lembra o saudoso Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895-1971), que se imortalizou pelo falso título de Barão de Itararé, e que, entre uma centena de tiradas célebres, registrou: "da onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada".
Jornalista