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Opinião

- Publicada em 19 de Julho de 2018 às 01:00

Crédito sobrando para financiar mercado imobiliário

Que o País está vivendo uma crise socioeconômica é algo que se escuta, se vê e, muito mais, se lê quase que diariamente por meio da mídia, nas conversas formais ou informais e em almoços semanais de associações de classe ou de sindicatos, sejam de empresários ou de empregados.
Que o País está vivendo uma crise socioeconômica é algo que se escuta, se vê e, muito mais, se lê quase que diariamente por meio da mídia, nas conversas formais ou informais e em almoços semanais de associações de classe ou de sindicatos, sejam de empresários ou de empregados.
No entanto, pesquisa inédita realizada pelo Colégio Notarial do Brasil - Seção São Paulo (CNB-SP), associação que congrega os cartórios de notas paulistas, revelou que, nos últimos 12 meses, os tabelionatos brasileiros lavraram 378.328 escrituras públicas envolvendo transações imobiliárias. Juntos, esses imóveis movimentaram R$ 472.625.261.137,83.
No mês de maio, como exemplo, foram transacionados, em todo o Brasil, aproximadamente, 80 mil imóveis, que movimentaram R$ 38 bilhões. São Paulo - como é praxe - é o estado que mais transaciona propriedades via escritura pública.
Neste período, foram computadas a lavratura de 23 mil escrituras, ou seja, quase 30% dos atos lavrados no País. Mas, em maio, as transações imobiliárias via escritura pública recuaram 7,6% em todo o Brasil, passando de 81.168, em abril, para 80.748 em maio.
Mas importante é saber que a lenta retomada do setor imobiliário, aliada à resistência do consumidor em assumir dívidas longas, gera uma situação inédita no mercado de crédito para a compra da casa própria: vão sobrar mais de R$ 100 bilhões em recursos para financiamento, entre 2018 e o próximo ano, segundo estimativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Essa montanha de recursos ociosos é reflexo do ritmo lento de recuperação da economia, que, por consequência, emperra a venda de imóveis. Ao mesmo tempo, a poupança, de onde sai parte dos recursos usados pelos bancos nos empréstimos imobiliários, voltou a registrar, no primeiro semestre, após quatro anos, um volume maior de depósitos do que de saques.
A disponibilidade recorde de recursos, no entanto, não beneficia diretamente o comprador de imóvel. É que, se as perspectivas para a economia fossem positivas, a consequência seria uma redução da taxa de juros por parte dos bancos. Com o cenário de incerteza, o movimento tende a ser o oposto.
Nos últimos dois anos, os bancos já vinham reduzindo os juros do crédito imobiliário, acompanhando o movimento de queda da Selic, a taxa básica de juros da economia, que passou de 13,75%, no fim de 2016, para 6,5% ao ano agora. A disputa por clientes nesse segmento também aumentou, principalmente entre os bancos privados que aproveitaram o recuo da Caixa Econômica Federal.
O consumidor que comprovar que está apto para financiar consegue o dinheiro. Há três anos, os bancos levavam 90 dias para liberar o financiamento. Hoje, um crédito sai em 45 dias. Porém, o que segura o consumidor, hoje, é mesmo a incerteza. Pesa o fato de as perspectivas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) terem piorado. O mercado tem relação direta com o andar da economia: quando ela vai bem, as pessoas têm mais renda, ficam otimistas e compram mais moradias.
A despeito de as expectativas para a expansão do PIB neste ano terem caído pela metade, os bancos mantêm as projeções para o crédito imobiliário. O volume de financiamento deve subir 15%, totalizando R$ 116 bilhões, considerados os empréstimos com recursos da caderneta de poupança e do FGTS, de acordo com a Abecip. Enfim, ter a popular casa própria é o sonho de todos. A procura por imóveis continua.
 
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